Autor: Joaquim Ribeiro Barbosa - “Quincas”
Distantes já são os tempos em que ainda se podia acreditar que Diamantina, então elevada pela Unesco a Patrimônio Cultural da Humanidade, centraria seu desenvolvimento no turismo. Quem diria que, passados pouco mais de 10 anos, este velho e desmemoriado burgo desdenharia duas previsões que, desde sempre, soavam como fatalidades cada vez mais próximas e realistas? Quanta vez se ouviu dos mais velhos e experientes que o garimpo acabaria um dia e que o futuro da cidade era o turismo? E, por quantos anos, o garimpo não acabava e nem o turismo começava, a desmentir tão antigos vaticínios? Tais recordações me vieram à mente quando resolvi conferir o funcionamento do nosso aeroporto. Por sinal, batizado grandiosamente com o mesmo nome do Aeroporto Internacional de Brasília: Juscelino Kubitschek de Oliveira.
É deprimente visitar o aeroporto de Diamantina. Erguido imponentemente a quase 1400 metros de altitude, o que o torna estratégico, em face do grande número de voos que cruzam estes céus luminosos rumo ao Nordeste, ele se vai revelando um imenso e oneroso elefante branco. Não me lembro do dia da semana em que lá estive. Mas, de estalo, notei que sua entrada principal estava fechada. Como parte do forro da grande cobertura frontal foi arrancada pelos ventos, já estão à vista bons pedaços de sua laje de sustentação, assim como feiosos canos plásticos de esgoto ou de escoamento de águas de chuva. Algumas folhas da veneziana metálica que protege e enfeita a proeminente fachada devem ter sido também arrebatadas pelos ventos. Com pouco mais de seis anos de inaugurado, o Aeroporto JK revela que as intempéries ganham mais poder destrutivo em prédios de pouco ou nenhum uso.
Sua porta principal estava cerrada, mas destrancada. Pela fresta das espessas lâminas de vidro, o vento sibilava fortemente, parecendo soprar muito à vontade por todos os amplos e vazios espaços do terminal. Abri a porta e entrei. Devagarzinho, como se penetrasse em um ambiente proibido, condenado a permanecer ermo a ecoar o som da ventania. Que tristeza! Vinte milhões de reais foram ali investidos praticamente em vão! Lá estava o guichê outrora pertencente à Total, depois à Trip e, ultimamente, à Azul Linhas Aéreas. Que mantém apenas um voo semanal, aos domingos, a preço exorbitante. Sobre o piso muito limpo e sem uso, filas de cadeiras sempre vazias; bebedouros, toaletes, espaço para lanches, salas fechadas e inúteis. Carrinhos metálicos para transportar malas se mantêm arrumados num canto, próximos à moderna esteira em que as bagagens vão surgindo, umas atrás das outras, na maioria dos aeroportos. (Veja fotos na página tal desta edição). Subi ao mezanino panorâmico onde as pessoas se posicionam para ver as partidas e chegadas de aeronaves. Vazio, deserto, sem vivalma.
Continua na Voz de Diamantina Edição 577 de 02 de setembro de 2012
Confira nesta edição:
- Vale do Jequitinhonha sem Drogas
- Quando as omissões se consolidam
- Festa de Nossa Senhora das Mercês de Mendanha
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