Fonte: Sérgio Inglez de Sousa, no blog Todo Vinho (clique aqui)
A famosa cidade mineira de Diamantina, que na época da colonização no século XVIII chamava-se Arraial do Tijuco, floresceu como maior produtora mundial de diamantes. Isso foi motivo de atração de famílias européias que vindo em busca das pedras preciosas trouxeram consigo o costume de se tomar rotineiramente vinhos.
As dificuldades naturais de sua localização e os abusos cometidos com os vinhos importados de Portugal, incentivaram o plantio de viníferas na cidade, para abastecer às famílias, aos membros da corte e aos rituais da igreja católica.
Ao redor de 200 anos mais tarde, nas primeiras décadas do século XX, as atividades vitivinícolas locais alcançaram alguma expressão comercial através de diversos vinhedos espalhados pelo município.
Numa campanha de apoio à vitivinicultura no estado o governo de Minas Gerais instalou uma Estação Experimental de Enologia no município, que não teve existência longa em função das limitadas atividades que se mantiveram ativas.
Padres católicos e proprietários privados continuaram fabricando vinhos de forma artesanal, muitas vezes lançando mão da açucaragem para chegar ao teor alcoólico mínimo. Comercializavam seus vinhos na região e na porção norte do estado. Que eram abastecidas pelo transporte através de tropas de burros.
A crise de 1929 abateu-se sobre todas as atividades econômicas, inclusive a vinicultura local, mas foram as medidas dos órgãos federais de saúde especificando as bases para a elaboração de vinhos que prejudicaram as atividades artesanais especialmente ao emprego de excesso de adição de açúcar na chaptalização.
A maioria dos produtores não dispunha de capital para implantar melhorias dos vinhedos, aplicação de técnicas modernas para fugir das chuvas na época da vindima e para desenvolver processos de fabricação do vinho fino, e acabou abandonando a atividade. Restaram apenas resquícios em algumas chácaras e quintais que serviam ao consumo familiar e de pessoas mais próximas.
Baseando-se no sucesso histórico dessa atividade está em curso um novo projeto de resgate da vitivinicultura de Diamantina, agora sob bases de reais qualidades de vinhos finos, visando produzir vinhos boutique ou de produção limitada. Um dos primeiros passos é estabelecer a produção com enologia de mínima intervenção.
Nesta primeira fase do projeto estão sendo implantados vinte módulos, utilizand-se as variedades Malbec, Merlot, Pinot Noir e Syrah, com mudas de procedência certificada e direcionadas para plena adaptação ao clima da região de Diamantina.
O Polo de Inovação Tecnológica de Diamantina está à frente do projeto, a partir de um contato com o proprietário do sítio Quinta D´Alva, Sr. João Francisco Meira, que havia realizado em 2005 um plantio experimental com 9 variedades videiras viníferas, objetivando selecionar aquelas mais apropriadas para a região. O potencial percebido fez com que se desse início a montagem de um projeto inovador junto à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior SECTES.
A proposta foi criar um consórcio com 20 empreendedores que receberiam subsídios do Governo de MG para estabelecer 1000m2 de videiras em cada propriedade, nos quais seriam treinadas as técnicas de manejo e constatar a viabilidade das variedades.
Por contrato, cada um dos empreendedores assumiu o compromisso de expandir o vinhedo para 10.000m2 (1 hectare) em dois anos, sempre dentro dos padrões estipulados pelo Grupo Viticultor do Polo. Isso vai dar em 2013 uma área plantada de 20 hectares, e em 2016, capacidade de produzir mais de 100.000 garrafas de vinho/ano, o que viabilizará a construção de uma unidade vinificadora do Grupo.
Dessa forma, na altura de 2016 a vitivinicultura de Diamantina estará totalmente resgatada, não só na sua existência, mas principalmente na novidade de uma nova roupagem de qualidade mundial dos vinhos.
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