Autor: Joaquim Ribeiro Barbosa - “Quincas”
Quando eu era menino aquela casa me encantava, com seu grande jardim lateral, sofisticado balanço e outros brinquedos com que não podia nem sonhar. Suas linhas neoclássicas devem ter sido influenciadas pela arquitetura da então nascente capital mineira. Nos anos 1950 seu jardim deu lugar à Casa dos Professores e ao DA. Transformada em pensão, que funcionou por longos anos, entrou depois em decadência. Fechada, o telhado em ruínas, ela foi adquirida pelo Ministério Público.
No dia 22 de junho, estive no belo prédio da Rua Macau do Meio em cuja frente passei por tantos anos a caminho da escola. Restaurado para acolher as Promotorias de Justiça de Diamantina, dali a momentos ele seria inaugurado. Senti-me novamente tocado pela leveza e elegância daquele imóvel. A varanda que lhe serve de entrada e descortina privilegiada vista da Serra dos Cristais continua a mesma, com seus bonitos ladrilhos hidráulicos. Um grande desaterro nos fundos que dão para a Rua Macau de Baixo dotou-a de amplo estacionamento. Enquanto os convidados chegavam, selecionadas partituras eram tocadas pela Banda do 3º Batalhão, cujos músicos se posicionaram na varanda da casa e no pátio que lhe vem logo abaixo, à maneira das vesperatas. A ocasião exigia pompa e circunstância: um bem situado casarão em degradação fora magnificamente recuperado com fiel preservação de seu estilo e acabamentos originais para sediar o Ministério Público de Diamantina. Tudo parecia conspirar a favor do acontecimento. Ao serem chamadas as autoridades que comporiam o púlpito de honra, entre elas, o executivo municipal, que não se fez presente e nem enviou representante, de mais brilho ainda se revestiu a cerimônia, uma vez que a maioria dos ali presentes conhecia a vida pregressa do ex-prefeito não reeleito de Três Marias e entendia seu desdém pelo Ministério Público.
Muito feliz a escolha de dr. Enéias Xavier Gomes para a abertura da solenidade. Até recentemente atuando na comarca, esse determinado promotor de Justiça, ao lado de seus jovens pares, dr. Adriano, dra. Luciana e dr. Daniel, que o substitui, deu nova dimensão ao Ministério Público no combate à criminalidade, na defesa das vítimas de delitos, na tutela do meio ambiente, do patrimônio público, da infância, do consumidor, do trabalho infantil, dos idosos, dos deficientes, da violência doméstica. Com muita emoção ele proferiu brilhante discurso, do qual vai transcrito abaixo este bem apanhado trecho:
No século XVIII, o escritor francês François Andriex, no conto "O Moleiro de Sans-Souci", narra-nos que Frederico II, “o Grande”, rei da Prússia, resolveu expandir seu palácio de verão em Potsdam, próximo a Berlim, onde já se elevara um moinho de vento. Incomodado pelo moinho, que o impedia de ampliar seu palácio, decidiu comprá-lo, ao que o moleiro recusou, argumentando que não poderia vender sua casa, onde seu pai havia falecido e seus filhos haveriam de nascer. O rei insistiu, dizendo que, se quisesse, poderia simplesmente lhe tomar a propriedade. Neste momento o moleiro disse que não seria possível, proferindo a célebre frase: “Ainda há juízes em Berlim!”
Continua na Voz de Diamantina Edição 568 de 30 de junho de 2012
Confira nesta edição:
- Balaio de pitacos
- Incêndios florestais
- Isso a Prefeitura de Diamantina não faz
- Projeto popular é mais forte do que lei
- Dia de festa em Mendanha
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