quinta-feira, 21 de junho de 2012

Leia nessa Semana na Voz de Diamantina

Autor: Joaquim Ribeiro Barbosa - “Quincas”

Capa (12)A notícia me deixou muito triste. E preocupado. Poderia ter sido um ato de vandalismo ou até mesmo de retaliação. Inexplicável. Irracional. Predatório. Mas quem teria raiva ou qualquer outro sentimento negativo contra aquela figura tão simples, inofensiva, pacata? Ainda meio aturdido, corri até lá para conferir pessoalmente. E de fato, caído no chão, os pés separados das pernas, a cabeça decepada, de bruços sobre uma lapa bem ao lado do pedestal em que se encarapitava, lá estava o Menino Jornaleiro. Era comovente vê-lo ali inerte, de calças curtas com o bolso de trás humildemente alinhavado, a camisa muito simples caprichosamente alvejada, e uma das mãos a segurar fortemente um punhado de jornais. Mesmo gravemente ferido, ele se manteve firme em sua missão. Admirei-o mais ainda pela sua responsabilidade. Há quantos anos o vejo naquele jardim como atenta sentinela do Pão de Santo Antônio?! Ainda menino de sua idade, costumava cumprimentá-lo ou bulir com ele, mas sem nunca conseguir distraí-lo e fazer com que se juntasse à molecada arteira daquela época. Pouco mais tarde, com alívio, fiquei sabendo que uma menininha é que o derrubara. Subira em seu pedestal e, talvez ao abraçá-lo, jogara-o ao chão. Teve sorte a danadinha, pois com o seu peso poderia tê-la machucado seriamente ou até matado, se caísse em cima dela.

Não sem algum espanto me vejo a tratar a estátua do Menino Jornaleiro como se fosse gente. Mas ele é tão real e presente ali em frente à antiga oficina gráfica da Voz de Diamantina que, às vezes, até o cumprimento ao passar em sua frente. Nunca o ouvi responder-me, mas acho que ele me retribui a saudação em silêncio ou com meneios imperceptíveis da cabeça. Ao vê-lo caído, o crânio e o chapéu estraçalhados, pensei imediatamente em John Spangler. Telefonei-lhe, em seguida, e lhe disse que precisava do mais hábil dos restauradores. Ele foi ao Pão, recolheu cuidadosamente os muitos fragmentos que se espalharam ao redor da pilastra, juntou-os ao mutilado corpo e levou para seu ateliê, na Rua Farinha Seca. O estropiado jornaleiro passou uns quatro meses em sua companhia. De quando em quando ele me dava notícia do coitado, explicando-me que ia introduzir barras de ferro nas partes mais frágeis de seus membros e refazer-lhe o espatifado rosto. No fim de maio, John o devolveu à sua antiga base. Acabei descobrindo que o virtuoso restaurador o manteve em seu convívio tão longo tempo não só por amor à arte e apreço aos valores da terra.

Continua na Voz de Diamantina Edição 567 de 22 de junho de 2012

Confira nesta edição:

  • Balaio de pitacos
  • Bolivar Siqueira
  • Réquiem para Tião Miranda
  • Dona Helena e seus saberes
  • Um novo olhar para a cidade alta
  • Diamantina cada vez mais internacional

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3 comentários:

  1. Amigo fala logo acima que Confira na edição: Voz de Diamantina Edição 567 de 22 de junho de 2012

    O que saiu sobre Bolivar Siqueira? poderia me dizer o que saiu e como conseguir a matéria?

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    Respostas
    1. Rogéio,
      Por favor entre em contato com o Sr. Quincas, editor do Jornal Voz de Diamantina, para obter informações mais precisas. Os telefones estão disponíveis no post em questão.
      Grato

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