quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

II Festival Internacional de Música Histórica de Diamantina

De la Mancha ao Sertão:

o Ibérico na tradição musical do Brasil

“Em algum lugar da Mancha, de cujo nome não me quero lembrar…”, assim começa o romance dos romances, que narra as aventuras e desventuras do engenhoso e universal Dom Quixote de la Mancha, aquele que não é de nenhum lugar concreto, pois pertence a toda ela, que hoje já não é mais outra que não o mundo inteiro. É precisamente a efeméride dos 400 anos da morte de seu consagrado autor, Miguel de Cervantes Saavedra (Alcalá de Henares, 1547 – Madrid, 1616), que nos dá o mote, guiados pelo nosso intrépido cavaleiro andante, para cruzar o Mar Oceano e transpor as agrestes paisagens manchegas ao infinito Sertão do Brasil, onde as tradições tardo-medievais da velha Ibéria se fazem iniludivelmente presentes.

A riqueza dinâmica dessa estanqueidade artístico-temporal, paradoxo e paradigma de um mundo de revigorante arcaísmo – cuja história se confunde com a própria história da colonização brasileira – é o manancial inesgotável que deu de beber a uma plêiade de artistas das mais diversas áreas, criadores do chamado Movimento Armorial, nascido nos anos 1970, o qual preconizava a fusão dos elementos erudito e popular em prol da (re)criação de uma arte nacional por excelência. Para o escritor paraibano Ariano Suassuna – al lado do músico potiguar Antônio Madureira, uma das figuras de proa do Movimento mais tarde rebatizado Romançal – as leituras de autores espanhóis pertencentes ao Siglo de Oro (sécs. XVI/XVII), juntamente com os antigos romances ibéricos e a épica castelhana, exerceram uma influência decisiva, eternizada em obras de referência do teatro e da literatura brasileira, como o Auto da Compadecida ou oRomance d’A Pedra do Reino.

Cervantes, em cuja obra as manifestações populares e eruditas harmonizam-se numa simbiose natural, é uma presença tutelar na produção literária de Suassuna, que encontra no Sertão do Brasil o mesmo espírito atemporal do Romancero Viejocastelhano, vivificado no Romanceiro Popular do Nordeste. É ele que anima a onipresente literatura dos folhetos pendurados no cordel, corporificando-se na rabeca, no pífano e na viola, que se desmaterializam em puro modalismo sonoro no acompanhamento das cantorias, cuja ilustração imagética, sulcada nos veios da madeira, faz-se arquétipo na xilogravura… Na música armorial confluem duas vertentes fundamentais: de um lado, os elementos afro-brasileiro e ameríndio, e de outro, a música de origem ibérica trazida pelos colonizadores em seus cancioneiros populares e em suas formas eruditas – do cantochão à polifonia dos romances e madrigais, glosada no éter divino pela voz do órgão… No vaqueiro nordestino, figura montada, heróica, épica por antonomásia, transmuta-se o cavaleiro da antiga gesta castelhana, cujo canto de façanhas e bravatas é a mais pura cantoria sertaneja… No malandro, tipo cheio de galhofa, de manha e artimanha, virtuoso do “melhor-contar”, revela-se igualmente o pícaro espanhol, cujo único meio de vida não é mais que a própria astúcia. Picaresca e Cavalaria encontram o mais eloquente amálgama na obra máxima de Cervantes, na qual entre o cavaleiro fidalgo e o pícaro escudeiro se estabelece um jogo inusitado de simpatias recíprocas que continua a cativar, divertir e comover o leitor há mais de quatro séculos.

No Sertão das Minas Gerais, em pleno vale do Rio Jequitinhonha, a cidade histórica de Diamantina, terra mítica de diamantes, de conjurações, de amores improváveis, da lendária corte da Chica que manda, paragem de tantos aventureiros, cavaleiros, tropeiros que ao longo dos séculos sulcaram o pedregoso solo das veredas do Espinhaço, receberá a segunda edição do seu Festival Internacional de Música Histórica, que amplia o termo “Música Antiga” da primeira edição para abarcar, para além da música grafada e, portanto, de cariz erudito, os saberes e o fazer musical disseminados pela tradição oral, ancestral, vernacular, custodiada pelas gentes dos Sertões do Brasil, que juntos conformam o riquíssimo arcabouço da cultura brasileira mais autêntica, tão reivindicada pelos artistas armoriais. A música armorial do nosso tempo, a música do tempo de Cervantes, os antigos romances ibéricos transmutados na polifonia do órgão, o romanceiro popular brasileiro, os ternos de pífanos, o som incisivo e cantadeiro da viola de arame, a música religiosa e devocional do antigo Arraial do Tejuco, a música dos salões da Diamantina oitocentista, para além de mini-cursos, aulas-espetáculo e mesas de debate integradas por especialistas nas mais diversas disciplinas conformam uma oferta de programação ampla e coerente, que busca entender o Brasil desde as entranhas, nutrindo-se da seiva de suas raízes mais atávicas e profundas.

E assim, guiados pelo passo errante do Cavaleiro da Triste Figura, adentremos o incontornável coração anímico do Brasil: o Sertão… do agreste, da catinga, dos buritis, que, nas sempre sábias palavras do mineiro Guimarães Rosa “é quando menos se espera”, “é o sozinho”, “é sem lugar”, “é dentro da gente”… e ouçamos então essas vozes caladas, presentes, passadas, eternas, que nos falam de cavaleiros, de donzelas impossíveis, de coragem, de façanhas, de desditas, de argúcias, de sobrevivência, de verdade, de fé… nessa grande Mancha imemorial, que também é aqui.

domingo, 17 de janeiro de 2016

Acervo raro de fotos do início do século 20 será digitalizado




Fonte: Hoje em dia (Clique aqui e veja mais fotos)
Está de casa nova parte da história de Diamantina, durante a passagem do século 19 para o 20, que 
mostra um Brasil interiorano mas próspero – conforme registrado pelo fotógrafo mineiro Francisco Augusto Alkmim (1886-1978), o “Chichico” Alkmim. Este acervo, com milhares de negativos em vidro e fotografias originais reveladas por Chichico, foi recebido, em comodato, há poucos dias pelo Instituto Moreira Salles (IMS), no Rio de Janeiro.

Chichico atuou, principalmente, em Diamantina, em um período de grande extração de minério, registrando a paisagem social da cidade e de seus habitantes. “Foi o primeiro fotógrafo residente em Diamantina”, lembra o professor de Fotografia da Escola Guignard e curador Tibério França.

Como se pode ver nas imagens registradas nas páginas, Chichico primou por documentar a classe média-alta mineira com fotografias em estúdio e ao ar livre, sempre com preciosa atenção à luz.

Nascido na área rural de Bocaiúva, Chichico mudou para Diamantina após a decadência dos negócios da família. Ele aprendeu fotografia de forma quase autodidata, se aprimorando com leituras de manuais sobre o assunto. Em 1913, abriu o próprio estúdio, que, por duas décadas, foi o único da cidade.

Mas qual é a importância do acervo de um fotógrafo do interior de Minas e de tão longínquo tempo? “Diamantina foi uma cidade muito rica até o final do século 18. Os primeiros carros de Minas Gerais foram comprados por uma família de lá. Agora, pense também que a fotografia sempre foi alta tecnologia”, avalia Tibério França.
 
Um artista
 
Assim, o artista, que morreu sem ter se considerado como tal, abraçou com seus cliques, de forma rara no país, uma época e um grupo social que era típico daquele período. “Ele jamais falaria disso e dessa forma (sobre se considerar um artista). Ele era de uma delicadeza e humildade fora da curva. Talvez tivesse consciência do que fazia, mas não dava o valor”, acredita outro neto, o geólogo e professor da Escola de Minas da UFOP, Fernando Alkmim. Com a ida do acervo para o IMS, acredita ele, a alcunha de “artista” do avô seja, enfim, oficializada.

“A gente via os negativos guardados em um porão. Era uma coisa muito forte (conviver com aquilo)”, lembra a neta do fotógrafo, a artista plástica e, também fotógrafa, Verônica Alkmim França.

Ela explica que o IMS se comprometeu a digitalizar o acervo em escalas variadas, para não haver necessidade de mexer nas chapas e nas fotos em papel. “Haverá também alguma disponibilidade deste material no site da instituição”. O acervo ficará disponível para análise e projetos de pesquisas. “Somos muito procurados para isso”, diz.
 
‘Carinho’ com foto e com fotografado marcaram trabalho
 
Um fotógrafo “carinhoso”. Assim pode ser definido Alkmim. “Ele pegava uma foto revelada, mas não se conformava e retocava a foto com lápis. Não passava batido a questão da luminosidade. Ele corrigia os tons médios, baixos…”, lembra Verônica França.

E que fotos são estas? “Diamantina e arredores. José Maria Alckmim (foto do menino que segura um livro, de 1918), meu tio era parceiro político de JK”, enumera Verônica ao descrever algumas fotos do acervo do avô. José Maria é o mesmo que empresta o nome ao presídio em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de BH.

Francisco Augusto Alkmim acompanhou do nascimento à morte de muitos fotografados, inclusive fazendo os retratos dos chamados “anjinhos” – crianças mortas nos caixões. Ele trabalhou até meados dos anos 1950 – sempre de maneira primorosa.
 
Dos sais de prata à película
 
A técnica cara para fotografar e de difícil acesso certamente motivou este artista ao zelo. Tibério França, da Guignard, explica que o uso das “placas de vidro” que compõem o acervo são exemplos disso. Quem tem menos de 30 anos talvez tenha uma distante lembrança destes mecanismos de captação de imagem. Até o final dos anos 1990, lembra, as fotografias eram feitas em “película”. Nesta época, os filmes fotográficos eram de acetato com sais de prata.

Mas antes do acetato, estes sais de prata eram distribuídos em uma placa de vidro rígida e transparente, que vinham da Alemanha de navio até o Rio de Janeiro, e depois para Diamantina, em lombo de burros e mulas. Por isso que uma foto tinha que ser bem realizada”, conta Tibério.

O professor define Chichico como um fotógrafo “muito carinhoso” com os clientes. “Se ele via que a pessoa não estava bem, falava para voltar em outro dia”. Nas pesquisas que realizou junto da família, Tibério soube ainda de um jardim que o fotógrafo cultivava. As flores eram usadas nas lapelas dos homens ou em arranjos de cabelo para as mulheres que ele mesmo montava (foto ao lado da filha mais velha dele, Maria Bernadette Alckmin, que morreu há três anos, aos 95 anos).

“A fotografia estava expandindo no mundo inteiro e aconteceu também na América do Sul, onde os acessos eram restritos. Ali, surge um fotógrafo no nível dos grandes mestres europeus”, avalia Verônica.
 
Além disso
 
O reconhecimento artístico de Chichico Alkmim foi póstumo, em 1983, com a primeira exposição com as fotos dele organizada por seu neto Paulo Francisco Flecha de Alkmim e o professor João Paulo Guimarães Mendes, durante o 16º Festival de Inverno da UFMG. A partir de então, houve o financiamento da recuperação do acervo – ainda sob a guarda da família Alkmim – pela Fundação João Pinheiro, Funarte e UFMG. Nos anos 1990, os negativos foram para o Centro de Documentação do Departamento de História da Faculdade de Filosofia e Letras de Diamantina (Fafidia), em parceria com a UFMG. Em 2005, foi criado por Verônica Alkmim França, o “Projeto Chichico Alkmim”, para divulgação da obra. Ainda naquele ano, foi lançado o primeiro livro, “O Olhar Eterno de Chichico Alkmim”, editado por ela e pelo fotógrafo Flander de Sousa. A publicação rendeu exposições homônimas em Diamantina e em BH. Em 2013, em BH, mais uma exposição: “Paisagens humanas – Paisagens urbanas”, com curadoria de Verônica e do fotógrafo Tibério França.


quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Jornal Band Minas mostra Diamantina

Decreto disciplina atividade do comércio ambulante

No último dia 17 de dezembro de 2015 foi assinado o Decreto Municipal nº 359, que disciplina a atividade do Comércio Ambulante em Diamantina.
Você que é artesão, ambulante, expositor ou outra atividade semelhante, procure o setor de Fiscalização Tributária e de Posturas da Prefeitura para saber mais detalhes e esclarecer suas dúvidas.
Foi estabelecido um prazo de noventa dias para a total adaptação aos locais, atividades, modelos para exposição, horários e outras definições contidas no Decreto. Mas, atenção! Ele já está valendo!
Procure já a Prefeitura!
Vamos juntos fazer uma Diamantina melhor!

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Incêndio em casa de Diamantina deixa uma pessoa ferida

ma pessoa ficou ferida durante um incêndio em uma casa de Diamantina, na região central do Estado. O fogo destruiu o imóvel na manhã da última terça-feira (5), no bairro Vila Operária. 
Conforme informações do Corpo de Bombeiros, a casa fica na rua Santa Izabel de Cantareira. A vítima, que não teve a identidade revelada, foi socorrida por uma ambulância do Samu e levada para o hospital.

Homem morre ao ser atacado por tamanduá em Diamantina


Um garimpeiro morreu na tarde desta terça-feira ao ser atacado por um tamanduá. De acordo com o Corpo de Bombeiros, José Martins Rodrigues de Souza, de 54 anos, sofreu o ataque quando foi atrás de de um grupo de cães: de acordo com familiares da vítima, os animais dele estavam agitados, no meio na mata na zona rural de Diamantina, na Região do Vale do Jequitinhonha. A vítima teve ferimentos na perna e uma artéria foi comprometida. O helicóptero da corporação foi ao local para fazer o socorro, mas os médicos constataram a morte.

Ludoteca oferece colônia de férias


Olá criançada!
Nossa Colônia de férias será no período de 11 a 29 de janeiro de 2016.
Juntamente com uma equipe organizada por pessoas qualificadas e de muito bom gosto, programamos atividades com uma abrangência cultural, esportiva e artística, em propostas dinâmicas, lúdicas e instigadoras da inteligência e da imaginação, que trarão experiências enriquecedoras, para crianças, adolescentes e suas famílias.
Teremos Jogos e brincadeiras, oficinas de culinária, criação de brinquedos, pintura com dedo e pincel, montagem de peças e desfiles; gincanas, futebol, queimadas, tirosela, toboágua, Slacklines, taekwoondo, e muito mais,  cuja produção é sempre muita rica e permeada de um tratamento pedagógico, resultando em práticas educativas e lúdicas.
A programação é específica para cada faixa etária, desenvolvida de acordo com as possibilidades do espaço e o perfil do grupo, podendo ser alterada. Esta divisão por faixa etária é apenas didática, pois avaliamos individualmente as habilidades de cada participante, havendo flexibilidade no agrupamento.
A novidade, é que teremos 02 locais para nossa diversão: ESTÂNCIA DO SALITRE E NO ESPAÇO DA LUDOTECA BRINQUE E APRENDA, na rua do Tijuco, 398 - 
Centro - Diamantina - MG.
Os familiares dos colonos que estiverem matriculados na 5ª Colônia de Férias da Ludoteca Brinque e Aprenda, terão descontos para hospedagem no Hotel Fazenda Estancia de Salitre nos finais de semana dentro do período de 11 a 29/01/2016.
Aguardamos a criançada e familiares.
Será Pura Diversão!
Participem!
Informações: fones: 38 3531-1437 / 9 88231923
facebook; ludotecabrinqueeprenda