terça-feira, 30 de junho de 2009

A lenda diamantinense: a Acaiaca

Fonte: As Minas Gerais

Próximo ao arraial do Tejuco havia uma poderosa tribo de índios que viviam em constante luta com os tejuquenses, que de vez em quando invadiam o arraial. Perto da taba indígena, numa pequena elevação, havia um belo e frondoso cedro que os índios, na sua língua, chamavam "acaiaca".

Contavam eles que, no começo do mundo, o rio Jequitinhonha e seus afluentes encheram-se tanto que transbordaram, inundando a terra. Os montes e as árvores mais altas ficaram cobertos e todos os índios morreram. Somente um casal escapou, subindo na Acaiaca. Quando as águas baixaram, eles desceram e começaram a povoar a terra de novo.

Os índios tinham, portanto, muita veneração por essa árvore. Acreditavam mesmo, que se ela desaparecesse, a tribo também desaparecia. Os portugueses que habitavam o arraial, conhecedores daquela crença, esperavam uma oportunidade para derrubar a Acaiaca. No dia do casamento da bela Cajubi, filha do cacique da tribo com o valente guerreiro Iepipo, enquanto os índios dançavam em comemoração, os portugueses derrubavam a árvore a golpe de machado. Quando os índios viram por terra a árvore sagrada ficaram aterrorizados e prorromperam em grandes lamentações, pois, conforme acreditavam, o fim da tribo estava próximo.

Pouco tempo depois da morte da Acaiaca surgiu grande desavença entre o cacique da tribo e os principais guerreiros. A desarmonia entre eles terminou em uma luta tremanda que durou a noite inteira, ficando o chão coberto de cadáveres: ninguém escapou. Nesta noite fatal, uma horrível tempestade caiu sobre o arraial do tejuco, arrancando árvores, rochedos e casas.

No dia seguinte, os tejuquenses, assombrados, não encontraram o menor sinal da Acaiaca. Dizem que foi a partir dessa noite que os garimpeiros começaram a encontrar as pedrinhas brancas, os diamantes, que surgiram dos carvões e das cinzas daquela árvore sagrada. Cajubi ficou encantada em uma onça. Aparecia andando ereta com a cabeça de uma onça. Tentava impedir os garimpeiros de coletar os diamantes.

Paraty fica fora da lista de novos patrimônios mundiais da Unesco

Fonte: Jornal O Globo

Em meio às preparações para a sétima edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que começa nesta terça-feira, a cidade recebeu a notícia de que não será incluída na lista de patrimônios mundiais da Unesco. Pelo menos por enquanto. A Unesco não rejeitou definitivamente a candidatura, mas decidiu que ela deve ser reformulada, e então avaliada novamente.

Os novos integrantes da relação foram divulgados no site da Unesco no domingo, mas, desde sexta-feira passada, quando a candidatura de Paraty foi discutida na reunião da Unesco em Sevilha, o governo brasileiro já sabia que a cidade ficaria fora.

A campanha de Paraty era centrada no valor histórico do Caminho do Ouro, que fazia da cidade porto de escoamento dos metais preciosos extraídos em Minas Gerais, mas a Unesco entendeu que a rota só poderia aspirar à condição de Patrimônio Mundial se fosse incluído o percurso completo, de Diamantina ao litoral.

Por sugestão de representantes da própria Unesco, vamos refazer nossa candidatura centrando no interesse natural e geológico da Serra do Mar para a compreensão da separação da África e da América - diz Amaury Barbosa, secretário adjunto de Cultura da cidade e presidente da comissão que organiza a candidatura. - A mata nativa e o Centro Histórico também são importantes. Lá em Sevilha, dizia-se que a Unesco não quer mais incluir cidades coloniais latino-americanas na lista de Patrimônio Mundial, porque já tem muitas. É preciso ter algo diferente.

SECTUR agradece e parabeniza diamantinenses

Fonte:  ASCOM Prefeitura de Diamantina

DSC00700 Em carta aos moradores, a Secretária de Cultura e Turismo de Diamantina, Márcia Betânia de Oliveira Horta, parabenizou e agradeceu a todos pelo empenho e resultados obtidos por ocasião das manifestações de Corpus Christi.

Na correspondência, Márcia Horta ressaltou o esforço da Sectur no sentido de “incentivar práticas como essas às novas gerações e promover trocas de experiências” a fim de “fortalecer a preservação do patrimônio imaterial” de Diamantina.

A Secretaria foi responsável direta pela mobilização da comunidade durante a festa religiosa, uma das mais tradicionais e bonitas da cidade. O resultado foi bastante positivo. A população participou ativamente, confeccionando lindos tapetes e enfeitando as sacadas com colchas e folhagens, como bem reza a tradição diamantinense – “uma riqueza cultural digna de registro e cuja preservação está sendo incentivada por ações da Sectur, como é o nosso objetivo”, comentou o prefeito Padre Gê, por ocasião da festa.

Abaixo, na íntegra, a carta enviada aos moradores pela Secretária de Cultura e Turismo, Márcia Horta:

“Prezados Moradores,

É com muita satisfação que viemos, através deste, agradecer a disposição com que realizaram a confecção dos tapetes decorativos e também enfeitaram suas janelas e sacadas com colchas e folhagens coloridas no dia de Corpus Christi, colaborando com uma das tradições populares de nossa cidade.

A Secretaria de Cultura, Turismo e Patrimônio, através da Coordenadoria de Memória e Patrimônio vêm, ao longo dos meses, desenvolvendo estratégias de apoio e valorização das manifestações culturais em Diamantina e, principalmente o trabalho da comunidade que executa com zelo e cuidados esta tradição.

Para a Semana Santa e a Procissão de Corpus Christi, distribuímos o material necessário para a confecção dos tapetes sob a coordenação da paróquia de Santo Antônio. Enviamos cartas a todos os habitantes dos itinerários relativos às atividades em questão, lembrando de atitudes cidadãs que poderiam ser espontaneamente realizadas. Desde o não estacionar carros nos trajetos, bem como, o convite à colaboração de todos para a manutenção da tradição. Aos meios de hospedagem fizemos também uma abordagem direcionada. Após terminado o ciclo da manifestação realizamos reuniões de avaliação compartilhada visando rever as estratégias, o envolvimento e os resultados. Acreditamos em estratégias educativas e de sensibilização e iremos investir em tais procedimentos pois deles esperamos gerar a sustentabilidade. Para a preservação das tradições precisamos de políticas públicas e é com este objetivo que iremos trabalhar. Além de políticas públicas, a iniciativa em rede também é indicada como umas das estratégias eficazes. O sucesso se deve a um conjunto de sujeitos envolvidos.

A intenção da Secretaria é incentivar práticas como essa às novas gerações e promover trocas de experiências através de oficinas temáticas, fortalecendo a preservação do nosso patrimônio imaterial. Fiquem atentos todos, pois no segundo semestre iremos realizar oficinas de confecção de tapetes de ruas, assim como outras vinculadas às nossas manifestações.

Parabenizamos a todos pelos resultados alcançados!

Diamantina, 24 de junho de 2009 

Márcia Betânia de Oliveira Horta

Secretaria de Cultura, Turismo e Patrimônio”

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Festivais de inverno

Acabo de ler no blog Tijuco Mental dois posts interessantes sobre os festivais de inverno, principalmente de Ouro Preto e Diamantina. O texto do Rodrigo nos leva a refletir sobre aspectos importantes desses eventos: Qual o objetivo do Festival de Inverno da UFMG em Diamantina? Que público pretende atingir? Não tenho muito que opinar porque não particepei das primeiras edições. Mas reconheço a importância, os benefícios e o grande desafio que é fazer o festival em Diamantina.

Porém, ao comparar os dois festivais fica clara a diferença nas propostas. Não vou entar nas discussão sobre arte, erudição e cultura popular. Mas seria interessante receber shows de qualidade em Diamantina. Lenine, Zeca Baleiro, Luiz Melodia, Maria Rita, Boca Livre, 14 Bis, Vander Lee, Arnaldo Antunes foram algumas atrações do festival de Ouro Preto em 2008. Sem dúvida, uma programação de quantidade e quantidade.

Comentário que merece ser um post:

Texto: Bruno Taunay

Esse debate que você está levantando é muito importante. Fiquei triste em saber que o Festival da UFMG esse ano vai acontecer somente durante 9 dias. Muito além de problemas financeiros (agora a crise virou desculpa para tudo) a qualidade e alcance do Festival está relacionada principalmente à vontade política dos dirigentes da Universidade. Em tempos de vagas magras, nada melhor do que a criatividade e o Festival é o "lugar" ideal para que a Universidade exercite a sua. É triste saber que do Festival "foi responsável" pela formação de grupos como Galpão, Uakti, Giramundo e Corpoo, e que hoje a Universidade não está disposta a investir no evento. São os novos tempos da excelência acadêmica, no qual a arte e a cultura ficam relegados a um papel secundário. A Universidade que não valoriza o Festival é a mesma que transformou a pista de atletismo do seu Centro Esportivo em um imenso estacionamento, local para espetáculos para os quais a própria comunidade universitária, leia-se alunos, não são os convidados... Lamentável a posição da UFMG. O lado bom disso tudo, é que as coisas mudam. E que somos nós que mudamos as coias... quem sabe um dia o Festival de Inverno da UFMG vai ser tão bom, ou ainda melhor, do que já foi no passado..

"Causos" de minas: A filha do seu Afonso

Autoria: Ignez Biagioni, no Descubraminas.


No caminho de volta à fazenda, seu Afonso ficou pensando no conselho do dr. Evaristo: levar a filha a uma cidade grande, para fazer uma cirurgia na vista esquerda. De vez em quando dava uma olhada na menina, que vinha quieta, montada na égua cinzenta. ¨Bonitinha, essa minha filha, tão trabalhadeira¨, pensava ele. “Esse curativo no olho é que atrapalha um pouco. Será que ela vai perder mesmo a visão? Pode ter sido exagero do médico. Seria uma pena ela perder uma vista “ suspirou,” mas, e o dinheirão que eu teria de gastar? Teria de vender um boi, e fazer isto agora é perder dinheiro”.


Nessa dúvida, foi seguindo a viagem. Ao chegar à fazenda, já tinha decidido. “É melhor aguardar mais um pouco, quem sabe a gente resolve isso por aqui mesmo, uma benzeção, uns banhos de ervas. Vou falar com a mulher para levar a menina na casa do seu Tino, que é raizeiro dos bons.”


Mas, apesar de todas as rezas, de tantos banhos de ervas, compressas no olho doente, não houve jeito. A menina ficou mesmo cega do olho esquerdo. Tempos depois, Dorinha, esposa do dr. Evaristo, conversando com seu Afonso, perguntou :


- E o senhor não se arrependeu de não ter levado sua filha para fazer a cirurgia de vista?


- Olha, dona Dorinha, às vezes eu fico arrependido, sim. Tão bonitinha que ela era, agora ficou meio prejudicada. Mas eu penso assim: ainda bem que lhe sobra o outro olho, não é mesmo? O que chateia mesmo é que ela, que era tão boa numa enxada, agora, quando vai capinar, faz serviço pela metade; capricha na direita, mas o lado esquerdo fica mal capinado que é uma tristeza!

João Julio dos Santos, o poeta

joao julio Esquecido e obscuro nos dias atuais, João Julio dos Santos nasceu em Diamantina em 1844 e aqui morreu em 1872. Boêmio, estudou em São Paulo e viveu apenas  28 anos. É reconhecido nos meios acadêmicos como um dos grandes poetas de sua geração romântica, juntamente com Álvares de Azevedoe Castro Alves, de quem foi colega na Faculdade de Direito.  Sua obra foi resgatada pela publicação  da compilação de sua produção por Felisberto Edmundo da Silva: Auroras de Diamantina (1944), disponível na Estante Virtual.

Blog da Câmara Municipal

No dia 30 de março de 2009 o Passadiço Virtual postou que a Câmara Municipal de Diamantina estreou um site para divulgar suas ações de forma trasnparente e democrática. Na época elogiamos a iniciativa, mas infelizmente o endereço não está mais no ar.

Por outro lado, acabo de conhecer o blog oficial da Câmara de Diamantina. Desejo vida longa a esse espaço de comunicação com a sociedade. Precisamos, cada vez mais, participar das discussões e ações políticas da cidade.

domingo, 28 de junho de 2009

Lendas de Diamantina: o escravo Isidoro

Quem me falou sobre esse fascinante personagem do imaginário de Diamantina foi o incansável Quincas, editor do jornal Voz de Diamantina e profundo conhecerdor da história da cidade.

De acordo com o excelente site Descubraminas "Isidoro foi uma das vítimas do violento sistema repressivo que vigorou no Distrito Diamantino. Sabe-se que era um escravo fugido que acabou por dedicar-se à garimpagem. Nesse período, garimpeiros eram pessoas que mineravam clandestinamente, sofrendo grande perseguição da administração local.

O historiador Joaquim Felício dos Santos assim o descreve em Memórias do Distrito Diamantino: “Isidoro era um pardo alto, corpulento, valente, intrépido.” Desafiando o sistema, o mulato ganhou fama de audacioso. Era um hábil minerador e comercializava com todos que lhe procurassem.

Nessa época o Distrito Diamantino estava sob a responsabilidade do Intendente Câmara, que ordenou uma busca implacável a Isidoro. Inveja do negro ser um líder respeitado ou rigores da lei? Amarrado a um cavalo, torturado e ensangüentado, em junho de 1809, Isidoro entra preso no Arraial. Começa o terror. Foi espancado durante três dias, mas jamais denunciou alguém. De sua boca não foi ouvido nada. Ao fim do terceiro dia Isidoro estava morto.

As pedras foram colocadas no seio da terra por Deus, por isso pertenciam a todos. Esse era o pensamento de Isidoro que se tornou para a região um mártir, uma lenda, alguém em que os desprezados pelo sistema apelavam em orações na hora de suas necessidades.

Até hoje prevalece em Diamantina a lenda de que Isidoro, antes de ser preso, teria enterrado um tesouro em diamantes e ouro."

sexta-feira, 26 de junho de 2009

A restauração do órgão da Igreja do Carmo

Fonte: Portal Uai.

orgao lobo mesquita A cidade histórica de Diamantina, Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), guarda uma preciosidade que poucos conhecem. No coro alto da Igreja da Ordem Terceira do Carmo – a mesma cuja torre, reza a lenda, a escrava Chica da Silva mandou transferir para os fundos para não ser incomodada pelo toque dos sinos – existe um órgão barroco de características atípicas. Considerado por especialistas como um dos quatro instrumentos do gênero mais importantes do Brasil, o órgão foi tocado no final do século 18 com regularidade pelo compositor Joaquim Emerico Lobo de Mesquita. Há 60 anos está parado por falta de manutenção. A situação está prestes a ser resolvida. Desde 2004, foi iniciado um processo de restauração que, em breve, promete trazer os sons do passado de volta às liturgias da igreja.

O instrumento foi integralmente construído no antigo Arraial do Tejuco, atual Diamantina, pelo padre Manoel de Almeida e Silva, entre 1782 e 1787. Como era autodidata, o religioso não seguiu exatamente as regras vigentes. “Tudo indica que realizou uma leitura pessoal da organaria ibérica na feitura, sendo influenciado pela italiana e usando ainda no processo soluções pessoais. Seu som é único”, explica o organista e musicólogo Marco Aurélio Brescia, responsável pela equipe de restauro. Como todo órgão histórico – a exemplo do mais famoso, o Arp Schnitger, da Sé de Mariana –, o de Diamantina é composto por uma caixa, espécie de móvel adornado que dá o formato final e protege todo o instrumento na parte interna. A peculiaridade é a localização. Na Igreja do Carmo está instalado à frente do coro alto e ao centro, sobre a porta de entrada do templo. Para tocá-lo, o organista se posiciona atrás de toda a estrutura e acompanha a missa por um orifício, espécie de olho mágico.

Clique aqui para ler o texto completo

Onde está a torre?

Carmo torre na frente Carmo_torre_atr_s

Olhe bem as fotos acima. Ambas são da Igreja do Carmo. Certamente você notará uma a mudança do local da torre. Não se trata de utilização de modernos recursos gráficos, mas sim a constatação de que a torre da igreja mais rica de Diamantina sofreu intervenções arquitetônicas ao  longo de suas história. 

Aires da Mata Machado, citando Felício dos Santos, afirma que a maioria dos membros Ordem Terceira do Carmo queria construir essa igreja no alto da Rua Direita, mas o contratador João Fernandes queria que ele fosse erguida ao lado de sua residência (Casa do Contrato). Acabou prevalecendo o poder financeiro do contratador que a construiu no local desejado.

Existe uma curiosidade sobre essa construção; a torre da igreja foi construída nos fundos e não na frente como é de praxe, uns dizem que era uma tentativa de burlar uma lei que proibia os negros de passarem além da torre da igreja ao entrarem para assistir as missas, desta forma, como a torre fica ao fundo, Chica da Silvapoderia entrar em qualquer parte do templo; outros afirmam queFrancisca teria pedido ao seu homem, que construísse a torre ao fundo para não ouvir o badalo do sino.

As fotos foram tiradas do ótimo blog de fotos antigas de Diamantina: http://www.arraialdotijuco.blogspot.com/

terça-feira, 23 de junho de 2009

Pisando em diamantes

Texto da Revista Veja Edição 1 706 - 27 de junho de 2001.

De acordo com o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), no subsolo da cidade mineira de Diamantina deve haver 3 milhões de quilates de diamantes. A preços de hoje, esse tesouro em que 90% das pedras têm qualidade para uso em joalheria vale pelo menos meio bilhão de reais – o equivalente a quarenta anos de arrecadação no município. Agora, a má notícia: são cada vez menores as possibilidades de que essa fortuna venha a ser garimpada. Encravado no paupérrimo Vale do Jequitinhonha, o município tem 70% das reservas de diamantes do país, mas acumula dificuldades para a mineração.

Dica de leitura: os marcos regulatórios da mineração diamantífera

Autor: Marcos Lobato Martins

Resumo
O artigo, apoiado na historiografia existente e fontes locais (depoimentos de garimpeiros e jornais diamantinenses), discute as alterações do arcabouço legal que regia a mineração no Brasil, enfatizando a situação dos garimpeiros de diamantes na região do Alto Jequitinhonha, Minas Gerais. São abordadas as relações entre garimpeiros, donos de terras, empresas mineradoras e governo, com o objetivo de mostrar as contradições entre eles e as dificuldades postas pela legislação para o desenvolvimento do garimpo.


segunda-feira, 22 de junho de 2009

Probido cantar, brincar e amar

Na parede de um botequim de Madri, um cartaz avisa: Proibido cantar. Na parede do aeroporto do Rio de Janeiro, um aviso informa: É proibido brincar com os carrinhos porta-bagagem. Ou seja: Ainda existe gente que canta, ainda existe gente que brinca." (Eduardo Galeano)

A comunidade "blogueira" de Diamantina está crescendo. A ótima frase acima foi "colada" do mais novo blog da cidade: Diamantina Revista. Desenvolvido pelo Martini, o espaço pretende "revisar" a cidade ao dialogar com a sociedade sobre seus fatos políticos, culturais e sociais. Seja bem-vindo, vida longa ao Diamantina Revista!

Voltando à frase incial lembrei-me de uma placa que vi em um clube de uma cidade do interior: "São proibidas cenas de amor na beira da piscina". Estamos mais aliviados, pois ainda existe gente que canta, brinca e cultiva o amor.

Comentário do Grilo:

De fato. Parece-me cada vez mais difcil perecber adultos assumindo esses comportamentos que considero fundamentais para a sobrevivência dos seres humanos.
Como vivemos em uma sociedade mundial (com raríssimas excessões) totalmente "financeirizadas", em que os $$$ falam sempre mais alto, e que a norma vigente é "tempo é dinheiro", qual seria o valor do brincar, das atividades lúdicas, que somente consomem o tempo.
Esquecemos quase sempre os fundamentos sobre os conhecimentos que estruturam a formação bio-psiquico-social dos seres humanos, em que as atividades lúdicas e de reperesentação/imitação do real são fundamentais para a estruturação da personalidade humana.
Seria por isso que a maioria das pessoas andam tão (pre) ocupadas, remetendo o Lazer e a Diversão sempre para o futuro:para o final de semana, feriado, férias e aposentadoria. E a Vida, não estaria ocorrendo AGORA?
Aproveito para citar aqui um grande livro que aborda essa temática de forma exemplar, em caráter de verdadeira denuncia. Trata-se de "Amar e Brincar: Fundamentos esquecidos do humano. de Humberto MATURANA (Filósofo e Biólogo) e Gerda Verden-Zoller (Educadora alemã). Editado pela Ed. Palas Athena. Vale conferir!

A incrível viagem de um elefante do Rio de Janeiro ao Arraial do Tijuco.

Acabo de ler no ótimo blog Minas de História a fantástica história da viagem de um elefante do Rio de Janeiro até Diamantina em pleno século XIX. Leia abaixo um pequeno trecho do post e clique aqui para ler o texto completo:

Pois não é que aqui, em pleno interior mineiro, jornada similar também ocorreu, praticamente três séculos depois? Quem dá notícia desse evento que beira o absurdo é o Barão Johann Jakob von Tschudi, no livro “Viagens através da América do Sul”, publicado na Europa no fim da década de 1860. Tschudi se referiu à história da viagem de um elefante do Rio de Janeiro para Diamantina como uma curiosa extravagância. O historiador talvez concorde em essência com o Barão. Para uma cidade rica como Diamantina àquela época, havia o interesse de ver e ter o mesmo que se encontrava na Corte. Era sinal de civilização, de progresso, de brilho. Os diamantinenses desejavam estar afinados com os grandes centros urbanos do país, de modo que as elites locais não perderam oportunidades para trazer ao antigo Tijuco a música, o teatro, as modas, os objetos e os gestos que representariam sua “proximidade simbólica” com a civilização. O que incluía a fruição do exótico, envolto numa atmosfera de ingênuo romantismo. Mas talvez houvesse mais do que isso na viagem do elefante do Rio de Janeiro para Diamantina. Alguma motivação visceralmente humana, fácil de ser frustrada pelo movimento do mundo. Mesmo assim, irresistível em sua força de desencadear gestos humanos. Então, por que não imaginar que o caso relatado pelo Barão Tschudi ocorreu como segue?”

domingo, 21 de junho de 2009

“Causos” de Minas: o café corajoso

Os filhos, já casados, moravam em cidades maiores, dois em Pouso Alegre, um na capital, a filha em Santos Dumont. Seu Antônio e Dona Lica ficaram sozinhos, na pequena cidade do sul de Minas.

Quando morreu a mulher, os vizinhos, solícitos, faziam de tudo para ajudar seu Antônio; cada dia, uma vizinha levava o almoço, merenda para o lanche da tarde, uma sopa leve para noite. Passado o aturdimento dos primeiros dias, ele começou até a gostar da variação do tempero.

Com o tempo, a filha contratou uma empregada para cuidar da casa e cozinhar para o pai. E a vida foi seguindo o seu ritmo normal.

Mas seu Antônio não gostava muito da comida preparada pela tal empregada; sentia falta da prosa e das refeições caprichadas, preparadas pelas vizinhas, logo após a morte da esposa. Passou então a aparecer nas casas delas, de tarde; sempre havia um cafezinho, uma broa de fubá, alguma quitanda feita na hora, no fogão de lenha. Ele pitava um cigarrinho de palha, ficava ali jogando conversa fora, até o escurecer, quando então voltava para casa.

Acostumado a ser sempre bem recebido, como pessoa da família, sendo logo levado para a cozinha - sem dúvida, o melhor lugar de qualquer casa - estranhou quando, certa tarde, chegando na casa do compadre Zé Borges, foi recebido na sala de visitas e por lá foram ficando, o tempo passando, a conversa se prolongando, e nada de café, bolo ou doces.

Aborrecido, já estava pensando em ir embora quando viu a dona da casa chegando com uma bandeja. Mas sua alegria durou pouco: na bandeja, só as xícaras e um bule de café – mais nada.

Bebendo o café devagar, ele ainda insinuou, meio sem jeito:

- Cafezinho corajoso, esse, heim, dona Célia?

- Ué, corajoso por que, seu Antônio?

- Vem assim para a sala, desacompanhado...

Autoria: Ignez Biagioni, no Descubraminas

Os becos de Diamantina por Fernando Sabino

fer_sabino Trechos do livro A chave do Enigma:

No que eu depender de informações desses meus conterrâneos, acabo indo parar na casa da mãe Joana. Pergunto a este outro, no posto de gasolina, a distância dali até Diamantina.

— Não é muito perto não. Mas também não é longe — informa ele, sério.

— Quanto tempo vou levar daqui até lá?

— É conforme, uai. Se correr muito, leva pouco, se correr pouco, leva muito.

Os becos  em Diamantina conservam os nomes da época do ouro e dos diamantes: Beco das Caveiras, das Gaivotas, da Tasca, do Rapacuia, da Paciência, do Pinta-Ratos. Cada um com sua motivação histórica: o do Pinta-Ratos, por exemplo, é homenagem a um pintor que, para se vingar da Irmandade que lhe devia um dinheiro, trancou-se na sacristia da igreja e pintou dezenas de ratos em suas paredes; o da Paciência era usado para despejo do lixo e pelos tropeiros, que ali satisfaziam suas necessidades

Chica da Silva na Praça Unesco

painelchica Esta praça é um reconhecimento do povo diamantinense à Unesco, que no dia 06 de dezembro de 1999, em Marrakech, incluiu Diamantina no seleto grupo de cidades Patrimônio da Humanidade. A praça está localizada na Rua do São Francisco, próxima à Casa de Juscelino Kubitschek. O painel de azulejo é da artista plástica Yara Tupinambá, homenageando Chica da Silva. O azulejo é fosco, queimado a 900 graus, com tintas dissolvidas em óleo e terebintina e mede 2,20m x 2,10 m. Assim descreveu Yara Tupinambá: " Ao trabalhar sobre Diamantina, na criação do mural Chica da Silva, minha preocupação maior foi captar símbolos expressivos e que significassem o caráter desta cidade: seu casario, as festas populares com suas colchas nas janelas e bandeirolas espalhadas pela cidade, o rio Jequitinhonha com seus peixes e que fizera a riqueza da região, as sempre-vivas que florescem em seus campos e finalmente, a figura de Chica da Silva, em seu navio flutuando nas águas de seu lago e em seus sonhos. Pensei, assim, que um clima de poesia, onde eu agrupasse fragmentos de memória, de minha relação com esta cidade, seria o apropriado na criação de meu trabalho. Chica simboliza, para mim, uma mulher com enorme capacidade de enfrentamento da vida, de sobrepor-se às difíceis condições de seu começo de vida como escrava, uma mulher que soube, após a partida de João Fernandes, dirigir seus negócios, criar sua família, casar suas filhas. Por isso, ela é uma mulher de nosso tempo... O peixe fisgado, em seu navio, é João Fernandes, fisgado pelo amor. Na mão um pássaro simbolizando o desejo de liberdade desta singular mulher, que é uma das figuras representativas de uma sociedade que soube, no passado, lutar mais de cinqüenta anos pela queda do Regimento Diamantino, luta que significou um dos caminhos percorridos por Minas, em busca de sua autonomia e liberdade".

 Fonte: Pucminas

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Circuito dos Diamantes em Curralinho

Com variada programação cultural, a comunidade de Curralinho, em Diamantina, receberá neste 20 de junho o 2º Evento Itinerante do Circuito dos Diamantes. Realizado em parceria com a Associação Distrital Pró-Desenvolvimento da Extração e comunidade local, o evento tem total apoio da Prefeitura de Diamantina. A Programação, que começa às 10:00 horas, tem como principais atrativos a mostra de artesanato e produtos caseiros de Curralinho, apresentação do coral de Couto Magalhães de Minas, teatro e palestras sobre o turismo e o circuito

 

Confira a programação completa:

10 horas

-Exposição de fotos no sobrado da prefeitura

-Inicio de mostra de artesanato e produtos caseiros

12 horas

-Intervenções teatrais nos bares e restaurantes

15 horas

-Teatro “Eu faço parte do Circuito dos Diamantes”

15: 30

-Apresentação Musical: Coral melhor idade de Couto Magalhães de Minas

16 horas

–Teatro “Que negocio é o turismo”

16h30min

–Apresentação Cultural: Folia de Reis de Curralinho

17 horas

–Projeção de vídeos sobre Curralinho

Fonte: Prefeitura de Diamantina

Foto: Luiz Oliveira, no Flickr

Uma jóia no jogo da bola

A rua tem um nome diferente, cheio de sentidos e significados: Rua Jogo da Bola.  Impossível passar por lá e não admirar as linhas arquitetônicas da Escola Estadual Professora Júlia Kubitschek, projetada no início da década de 1950. A escola é  uma das quatro obras do arquiteto preferido de Juscelino Kubitschek em sua cidade natal. A ela se juntam o Hotel Tijuco, a faculdade de odontologia (atual Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri) e a Praça dos Esportes, todos em áreas próximas ao centro histórico - os dois primeiros em razoável estado de conservação, a última no abandono quase total, refém de uma promessa de recuperação.

As obras em Diamantina ocupam um lugar específico, tanto na trajetória do arquiteto como na do político: estão no intervalo entre a inovação da Pampulha, quando Juscelino foi prefeito de Belo Horizonte, e a consagração de Brasília, com o mineiro presidente da República. Outra preciosidade da escola  é a tela  de Di Cavalcanti   colocada na parede ao final da rampa que conduz ao primeiro andar do prédio. O autor da tela, mentor da idéia da Semana de Arte Moderna de 1922, doou a obra  a  JK para ser colocado na escola batizada com o nome da mãe do político, professora da rede pública.

Fonte: ArcoWeb

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Qual é a sua marca?


Artista diamantinense na Rede Globo


Autor da exposição "Caminho de Todos os Santos", em que apresenta 18 estandartes de inspiração católica, o artista diamantinense Marcelo Brant estará nesta quinta (18) no programa da Rede Globo, Mais Você, da apresentadora Ana Maria Braga.

Em seus estandartes, que o tornaram famoso em Minas e diversas partes do país, Brant inclui elementos do artesanato mineiro tradicional, como fitas, bordados e brocados, e objetos que remetem à vida contemporânea, como embalagens, CDs e ícones da pop art.

Marcelo começou a confeccionar estandartes há 13 anos para as procissões que aconteciam em Diamantina onde, ainda hoje, mantém seu ateliê. Com um trabalho de qualidade e grande beleza, o artista foi ganhando notoriedade em galerias de arte e no circuito da moda e produções televisivas. Hoje Brant produz cortejos, pelo menos uma vez por mês, em cidades do interior do Estado e em outras capitais, sempre assinando também o figurino, tendo como diferencial a aproximação entre o tradicional e o contemporâneo, o regional e o universal.

O Programa Mais Você começa às 08 horas e 15 minutos, e a participação do artista diamantinense acontecerá ao vivo.

terça-feira, 16 de junho de 2009

41º Festival de Inverno da UFMG

Fonte: Universia

De 19 a 30 de julho, Diamantina (MG) será palco do 41º Festival de Inverno da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Com o tema Traduções, o evento pretende refletir sobre as proximidades, diferenças e (as)simetrias entre duas visões de mundo: a ciência e a arte. Nesta edição, serão oferecidas 29 atividades culturais, com mais de 556 vagas.

Entre os destaques da programação está a oficina Memórias em Estações: da Narrativa à Cena, da área de Artes Cênicas. Neste curso, os participantes precisarão criar cinco cenas sobre fragmentos da memória de Diamantina, em cinco lugares históricos escolhidos a partir das narrativas orais recolhidas junto à população local.

Na área de Artes Literárias, a oficina Poesia Digital: Traduções possibilitará aos participantes o estudo e a prática de alguns processos da construção da poesia em meio digital. A Arte Musical também estará representada no festival com o curso Música Eletrônica. A iniciativa prevê a realização de exercícios de composição em música eletrônica ou concreta que proponham uma intervenção no universo da palavra ou da paisagem sonora, num contexto urbano.

A área de Artes Visuais I apresenta a oficina Vestimenta - Memória: Uma Investigação da Memória do Corpo e da Pele que pretende estimular os participantes a confeccionar uma vestimenta-memória, partindo de elementos pessoais e da articulação com a memória local. Já na área de Artes Visuais II, o destaque está no curso A Cena do Crime: Sangue e Suspense nas Noites de Diamantina, que irá fazer releituras fotográficas de crimes lendários que fazem parte do imaginário coletivo dos moradores de Diamantina.

Este ano, o Festival de Inverno também traz para Minas Gerais o wokshop Mídias Locativas: Produzindo Arte Digital com Celulares. O curso, ministrado por professores internacionais, irá capacitar os interessados em produzir softwares para celulares com o intuito de promover uma reflexão sobre os conceitos de arte e tecnologia ligados às mídias locativas.

Leia mais no site Universia

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Bambães, meu belo

Igrejinha do BambãesA capela da foto não existe mais, mas o cruzeiro bastante modificado ainda está lá. O local é conhecido como o cruzeiro de Bambães e muitas são as histórias populares sobre esse personagem. Uma das narrativas que estão no imaginário dos diamantinenses diz que certa vez Bambães foi ferido e tido como morto,mas no dia seguinte ele apareceu naquele local, fingindo estar tocando violão, instrumento que ainda não tinha, mas tinha muita vontade de tocar.

No famoso livro “ Minha vida de menina” de Helena Morley o famoso Bambães também é citado:

“Hoje andou pela cidade a passeata de Bambães. Ele põe no andor um sino todo enfeitado e sai pela rua repicando e pedindo esmolas para a igrejinha que ele está fazendo no Rio Grande. É muito engraçado. Os meninos vão atrás acompanhando, e eu acho que ele alegra muito as ruas.

Bambães é baixinho, gorducho, muito alegre e só trata todo mundo de “Meu Belo”. Todos gostam del e. Mas ninguém lhe dá esmolas, porque dizem que ele tira é para ele. Eu não creio.

Meu pai diz que é só vendo essa igreja pronta, com cem réis de cada um, é que ele acredita. Eu penso mesmo que eu não era nascida, quando Bambães começou esta capela, e, desde que eu me entendo, ela está na mesma.

Vovó é das poucas pessoas que dão esmola maior, e acha que é preciso igreja no Rio Grande. Todos dizem que não se precisa mais igreja na cidade, que já tem muitas.”

A professora Betânia Gonçalves Figueiredo do Departamento de História da Universidade Federal de Minas Gerais também cita Bambães em seu artigo, cujo título é “Barbeiros e cirurgiões: atuação dos práticos ao longo do século XIX”.

Havia também, circulando pelas cidades de Minas, os barbeiros ambulantes. Um deles tornou-se conhecido em Diamantina também por apresentar características de détraqué. Bambães, que chamava a todos de "meu belo", é citado por dois memorialistas da cidade como sujeito simpático, que circulava pelas ruas fazendo brincadeiras e exercendo seu ofício (Morley, 1966, p. 218; Arno, 1906, p. 89). Neste exemplo, o barbeiro exercia sua atividade de forma ambulante, perambulando pelas ruas e oferecendo seus serviços.”

Com certeza, após essas ricas histórias, verdadeiras ou não, podemos concluir que Bambães foi um personagem marcante da cidade durante a passagem do século XIX para o XX e que precisa ser reasgatado. Caso você conheça alguma outra narrativa, envia para passadicovirtual@gmail.com.

Foto: arquivos do Zé da Sé

domingo, 14 de junho de 2009

Cidades dos cachorros

DSC00716Diamantina tem muitos atrativos, sem dúvidas é uma cidade cheia de cultura e história. Porém, um fato que chama a atenção diarimanente é o excessivo número de cachorros soltos na cidade. Quando saio de casa sempre me faço a seguinte pergunta: quantos cachorros encontrarei eu meu caminho? Faça você mesmo esse teste, saia de casa e tente não encontrar um cachorro perdido pelas ruas. Dependendo do seu percurso, certamente você encintrará uns oito ou nove. Onde estão os responsáveis por esses animais? O que o poder público pode fazer perante esse problema de saúde e segurança pública?

Não tenho nada contra os animais, até acho alguns bonitinhos e simpáticos. Contudo, segundo veterinários, esses animais soltos nas ruas podem transmitir doenças como micoses, verminoses e raiva. As fezes podem liberar vermes ou o protozoário giárdia, que causa a giardíase. Isto pode causar dores abdominais, diarréias e vômitos. Além disso, há a questão da possibilidade de ataques, principalmente para crianças e idosos.

O engraçado da história é que os cães participam ativamente da vida social da cidade, estão em todos os lugares, eventos culturais, procissões, apresentações culturais, vesperatas e até particiapam da confecção dos “tapetes de rua” de Corpus Christi (foto).

sábado, 13 de junho de 2009

Richard Burton em Diamantina - parte II

Inglês, era diplomata, explorador, antropólogo, poeta, tradutor (traduziu Os Lusíadas e As Mil e Uma Noites, entre outros livros); grande aventureiro, tendo viajado ao Oriente, África; escreveu três livros sobre o Brasil, fruto de suas observações durante suas andanças por aqui. Deixou vastíssima obra, que oferece inesgotável material para pesquisas.

Parece-nos incrível, no séc. XXI, as viagens por ele empreendidas, assim como as relatadas por outros viajantes que aqui estiveram: Spix e Martius, Expedição Langsdorf, Luiz Agassiz e Elizabeth Cary Agassiz, George Gardner, J. Emanuel Pohl, Alcide D`Orbigny, John Mawe, W. C. Von Eschwege, Hans Staden e muitos outros.

Destacamos “Viagem de Canoa de Sabará ao Oceano Atlântico”, (já mencionado em post anterior), iniciada em 07 de agosto de 1867, pelo fato de ter feito uma pausa nessa aventura incrível, deixando o Rio das Velhas, por onde navegava, para conhecer Diamantina e a região do Espinhaço onde ela se situa, nos oferecendo fascinantes observações e registros impressionantes durante esse percurso, narrado no cap. VI do referido livro.

Quando relata o caminho tomado para atingir Diamantina, afirma que: “Os degraus de acesso a partir do Rio das Velhas, são sete, a saber: primeiro até o Rio Paraúna; segundo, até o Riacho do Vento; terceiro, até a Chapada; quarto, até o cume de Contagem; quinto, até Gouveia; sexto, até Bandeirinha, e sétimo, até Diamantina”.

Sobre Diamantina: “O ponto onde se situa a cidade é um dos mais altos do Império”. “A localização de Diamantina é peculiar...; “Visto do “Alto da Cruz”, a cidade apresenta um aspecto de prosperidade”; “Água da melhor qualidade é fornecida em quase todas as grotas”. “A atmosfera clara e revigorante permite a cultura de frutas e hortaliças...”.

“Os três dias que passei em Diamantina deixaram-me a mais agradável impressão de sua sociedade. Os homens são os mais “abertos”, as mulheres as mais bonitas e as mais amáveis que eu tive a felicidade de encontrar no Brasil. Em todos os lugares destas regiões os forasteiros, são recebidos com cordial hospitalidade, mas aqui a acolhida é particularmente calorosa”. “Há três anos deixou de circular o único jornal, O Jequitinhonha, ....no entanto, os cidadãos – os brasileiros são cidadãos e não súditos - mostram -se muito interessados pela instrução, mesmo a instrução clerical”.

Vale à pena retomar as narrativas das viagens de Burton e dos os outros viajantes, pela riqueza de detalhes e pelo olhar crítico e quase sempre apontando e mostrando as nossas potencialidades (e também, é claro, as mazelas), nos exortando para a importância de valorizarmos nossa cultura, riquezas e capacidades, quase sempre esquecidas em função de percepções muitas vezes ditadas por interesses particulares, pequenos e mesquinhos.

Olhar nossa “Terra Brasilis” com orgulho e desejo de mudanças. Utopia? Ou ainda vale à pena sonhar? Pergunto: O que seria dos seres humanos sem a sua capacidade de sonhar!

Pequi, ame-o ou deixe-o

O nome tem origem tupi (py=espinho e ki=fruto) ou seja, fruto cheio de espinho. Ele é popularmente conhecido como pequi, mas também pode ser chamado de piqui, pequiá, pequerim, amêndoa-de-espinho, grão-de-cavalo ou suari. Seu nome científico é Caryocar brasiliense Camb. Esse fruto alaranjado de cheiro marcante é presença garatida na culinária do cerrado. O arroz com pequi é um dos principais pratos da culinária goiâna e o licor de pequi também é destaque em várias regiões do cerrado.

O pequi ou pequizeiro é uma árvore típica do cerrado brasileiro. Seu tronco apresenta casca cinzenta, da qual se extrai corantes amarelos, utilizados pelos artesãos locais. As folhas são compostas, divididas em três grandes folíolos verdes, de bordos irregulares, com o lado inferior mais claro e com a superfície recoberta por uma densa pilosidade.

As flores de cor branco-creme são muito decorativas e chamam a atenção pelos numerosos e longos estames. A floração ocorre no final do inverno e primavera.Os frutos do pequizeiro surgem no final da primavera e no verão, são do tipo drupa e seus caroços envolvidos por uma polpa carnosa são muito apreciados na culinária e conhecidos pelos perigosos espinhos. Os caroços podem ser consumidos em natura e em pratos cozidos de arroz, feijão, carnes, assim como conservas, doces, licores e vitaminas.

As castanhas, presentes no interior dos caroços também podem ser saboreados. A madeira do pequizeiro é de ótima qualidade, e pode ser utilizada na construção civil, naval, indústria moveleira, e na xilogravura. No paisagismo o pequizeiro é adequado tanto para grandes parques como para pequenos jardins residencias, pois seu porte não é muito avantajado, alcançando de 6 a 10 m de altura e seu crescimento é lento. Do plantio a frutificação vão de quatro a oito anos.

Devem ser cultivados sob sol pleno, em solo fértil e enriquecido com matéria orgânica, com largo espaçamento, em covas bem preparadas e com regas regulares no primeiro ano. Multiplica-se por sementes que podem demorar cerca de 8 meses do plantio até a germinação, a armazenagem e a quebra de dormência ainda é contraditória e pode inviabilizar as sementes.

Por falar em pequi, aqui vai uma dica para os amantes desse fruto. Indico o risoto de pequi com costela desfiada servido no restaurante Trattoria La Dolce Vita, em Diamantina. Simplesmente, imperdível.

Fonte: Jardineiro.net

Foto: Meire Meire, no flickr

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Um tempo para outros olhares

Texto: Gladistone Gripp

Muitas vezes os "olhares" sobre Diamantina se resumem a um tipo de experiência denominada na linguagem turística de "monumentalista", relacionados aos ícones da cidade: JK, Chica da Silva, Vesperata, Carnaval, etc. Não se trata de desvalorizar tudo isso, muito pelo contrário, trata-se de ampliar e enriquecer nossa percepção para muito além.

Capivarí, Pico do Itambé, Curralinho, Acaba Mundo, Bonsucesso, Barão de Guaicuí, São João da Chapada, Serras do Urubú, da Tocaia, da Bicha, Vau, Rio Jequitinhonha, São Gonçalo do Rio das Pedras, Caminho dos Escravos, Biribiri, Parque Estadual de São Gonçalo do Rio Preto, e tantos outros, são típicos lugares que merecem ser visitados e conhecidos. E também poderímos incluir lugares nos arredores da cidade!

Falar de belos lugares em Diamantina e região é quase um lugar comum. São inúmeros e diversos. E suas diferenças são quase sempre relacionadas ao olhar específico e afetivo que temos e às representações que deles fazemos a partir de nossa percepção estética, agregadas à experiência que vivenciamos nesses espaços/lugares de nosso afeto.

A iconografia e as informações sobre Diamantina e região são bastante difundidos e conhecidos, não somente em Minas Gerais e no Brasil, mas em todo o mundo, Muitos lugares não conhecemos, de outros apenas ouvimos falar. Quase sempre dizemos, quando somos perguntados se conhecemos ou fomos a tal local: Ah! não tive (tenho) tempo!

Diante da tão alegada "falta de tempo", característica marcante de nossa época; que na verdade é apenas um discurso vazio, pois o tempo, como afirma Antônio Cândido, "...é o tecido de nossas vidas". E, antes de tudo, uma questão de prioridade, pois é ele quem nos dá a dimensão exata de como gastamos "a moeda" de nossas existências.

Portanto, pretendemos fazer aqui um passeio pelos arredores e entorno da cidade, com o objetivo de aguçar o olhar e sentidos sobre essa terra, que recebeu da natureza tantos presentes, que nos é difícil começar, e mais ainda, eleger um deles para começar.

Tapetes coloridos cobrem as ruas


A tradição dos tapetes de rua no feriado de Corpus Christi sempre me chamou a atenção pela beleza e simbologia da participação e união das pessoas. Hoje resolvi vencer o sono e o frio para tentar acompanhar essa manisfestação popular. Por volta das 6h30 muitas pessoas já inciavam os preparativos inciais. À primeira impressão parece-nos que não haverá tempo suficiente para cobrir as ruas com ornamentos, mas no fim tudo dá certo. Aos poucos vão surgindo vários voluntários para a terefa: escoteiros, militares, funcionários da prefeitura, padres e, principalmente pessoas simples impulsionadas pela fé e pelo desejo de manutenção de uma tradição.

Aos poucos vão surgindo belas e coloridas figuras. Por fim, na hora marcada tudo está pronto. Os fiéis começam a chegar para a missa e procissão. Um espetáculo religioso, cheio de sentidos e significados.

A tradição de fazer o tapete com folhas e flores vem dos imigrantes açorianos. Essa tradição praticamente desapareceu em Portugal continental, onde teve origem, mas foi mantida nos Açores e nos lugares onde chegaram seus imigrantes. O barroco enriqueceu esta festa com todas as suas características de pompa. Em todo o Brasil esta festa adquiriu contornos do barroco português. Corpus Christi é celebrado desde a época colonial com uma profusão de cores, música expressões de grandeza.

Perdi alguns minutos de meu sono no feriado, mas pude testemunhar na prática a manifestação da força do coletivo em busca de um objetivo comum.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Richard Burton, o "super-herói" em Diamantina

"Deixei com pesar a região de Diamantina... socialmente falando, é o lugar mais simpático do Brasil, à luz da minha experiência." (Richard Burton)

Richard Burton é sem dúvida uma das personalidades mais extraordinárias e fascinantes do século XIX. Falava 29 idiomas e vários dialetos, sendo perito na arte do disfarce, o que lhe possibilitou em seus anos de militar na Índia e em Sindh viver entre os povos do Oriente, os quais registrou em uma série de livros. Estudou os usos e costumes de povos asiáticos e africanos, sendo pioneiro em estudos etnológicos. Viajou a cidade sagrada de Meca, mortalmente proibida a não muçulmanos, disfarçado de afegão, e também a Harar, capital da Somália, de onde nenhum outro homem branco havia saído com vida. Junto com John Haning Speke explorou a região dos Grandes Lagos africanos e descobriu o lago Tanganica.

Traduziu uma versão não censurada de As mil e uma noites, acrescentando uma série de notas a respeito de pornografia, homossexualidade e sexualidade feminina. Sob o risco de ser preso, traduziu manuais eróticos, entre eles o Kama Sutra, e mandou imprimi-los. Sua postura liberal e interesses eruditos contribuiram para torná-lo uma figura polêmica e controversa naInglaterra, pois despertou a fúria e o puritanismo vitoriano. Casou-se com Isabel Arundell, uma católica inglesa. Recebeu o título de Cavaleiro da Rainha Vitória em 1886. Faleceu na cidade de Trieste,onde recobria o cargo de consul británico, em 1890.

Sir Richard Francis Burton veio ao Brasil como cônsul da Grã-Bretanha na cidade de Santos (SP) e viajou o país em busca de riquezas que pudessem ser aproveitadas pelo Velho Mundo. "Em vista de tantas riquezas para as classes desgraçadas da Europa, que pode dizer que não há nada para os pobres e vis, salvo miséria e desespero", escreveu Burton a respeito do rio São Francisco.

"A vinda de Burton ao Brasil não foi uma circunstância fortuita, atendia um interesse claro do Império Britânico", opina o historiador da Universidade Federal de São João Del Rey e especialista em Richard Burton, Paulo Roberto Varejão. "Burton veio aqui para estudar a experiência portuguesa de colonização nos trópicos, que ele já havia conhecido e admirado em partes da Índia." Para Varejão, isso explica as diversas referências à cultura indiana que o britânico faz no livro Viagem de Canoa de Sabará ao Oceano Atlântico (Explorations of the Highlands of Brazil). A obra foi o resultado dos quatro meses de viagem de Burton pelos rios das Velhas - de Sabará até Pirapora - e São Francisco.

Durante essa expedição, esse personagem fantástico esteve em Diamantina em 1867 e ficou hospedado na casa da Glória. A ele é atribuída a seguinte frase: "Deixei com pesar a região de Diamantina... socialmente falando, é o lugar mais simpático do Brasil, à luz da minha experiência.'.

Ele chegou a liderar uma expedição em busca da nascente do Nilo, mas ataques de tribos hostis africanas e um ferimento com lança na mandíbula o obrigaram a desistir, uma aventura relatada no filme As Montanhas da Lua. Burton traduziu para o inglês obras de idiomas e culturas tão diferentes quanto o indiano Kama Sutra, o árabe As Mil e Uma Noites e o português Os Lusíadas.

Clique aqui para ler mais sobre Richard Burton na Wikipedia.

Fonte: Wikipedia e Terra

terça-feira, 9 de junho de 2009

4ª Copa Diamantina de Moutain Bike


Associação Diamantinense dos Amigos da Bike
(38) 3531-8358 ou www.adab.org.br

Conglomerado Diamantífero Sopa

Título: Conglomerado Diamantífero Sopa, Região de Diamantina, MG. Marco histórico da mineração do diamante no Brasil

Autores: Mario Luiz de Sá Carneiro Chaves e Ítalo Meneghetti Filho

Resumo
Conglomerados diamantíferos, pré-cambrianos, afloram em numerosas localidades nas imediações de Diamantina (Minas Gerais), Serra do Espinhaço Meridional. Estas rochas, pertencentes à Formação Sopa Brumadinho, do Supergrupo Espinhaço, constituem um importante sítio geológico, além de um marco na história da mineração: na década de 1850, pela primeira vez em todo mundo eram descobertos diamantes dentro de uma rocha. O assim designado Sítio Sopa tem suas particularidades, uma vez que ele se encontra “espalhado” por uma extensa zona, onde quatro principais áreas se apresentam: Sopa-Guinda, São João da Chapada, Datas e Extração. A denominação “Sopa”, cuja toponímia tem permitido diversas interpretações, ganhou status de unidade geológica e como tal destaca-se no contexto geológico brasileiro. Assim sendo, localizado em região de intensa atividade mineradora nos séculos XVIII e XIX, este sítio, é marcado por paisagem antrópica profunda, ainda hoje cenário de extrativismo garimpeiro realizado por populações locais que apenas encontram nesse trabalho um parco meio de subsistência. Procurar soluções mitigadoras e regeneradoras para a degradação ambiental e alternativas socio-econômicas para suas comunidades, torna-se prioridade a curto e médio prazos. A elaboração e implementação de um Plano de Manejo Ambiental Sustentável, contemplará as necessidades físicas, bióticas e antrópicas do sítio e de suas áreas de entorno, preservando-o verdadeiramente como sítio histórico e geológico.

Cadê o Milho Verde?


Milho Verde não se chama Milho Verde por causa do milho verde. O nome tem origem em Manoel Rodrigues Milho Verde, um português nascido na região do Minho e que, em suas andanças por Minas Gerais à procura de ouro e diamante, acabou descobrindo o arraial no ano de 1711. Depois dele, muitos vieram atrás do mesmo objetivo, formando assim o povoado de Milho Verde. Hoje, a pequena aldeia de pouco mais de 700 habitantes pertence ao município do Serro, sendo bastante procurada pela beleza de suas cachoeiras.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Sexta cultural no Mercado Velho

Desde o aniversário de Diamantina, comemorado em março, iniciou-se uma nova atração cultural e turística na cidade. A “Sexta Cultural” do Mercado Velho já é sucesso e atrai gente de todas as idades, às sextas-feiras, a partir das 18:00 horas.


De acordo com a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, o objetivo do evento é ser mais um atrativo cultural para o diamantinense, que pode reunir amigos e familiares no agradável ambiente do Mercado Velho para um bate-papo, acompanhado de boa comida, boa bebida e, claro, ótima música. Além disso, abre-se o leque para os artistas e feirantes diamantinenses, que encontram boa oportunidade para mostrar talento e comercializar seus produtos.


Além do artesanato, o visitante encontra na Sexta Cultural bons vinhos, e pratos tradicionais da cozinha mineira, como o feijão tropeiro, frango ao molho pardo, paçoca, arroz com frango, lingüiça com ovo de codorna, rabada com ora-por-nobis e angu, caldos, dobradinha com feijão branco, frango com quiabo, entre outras delícias que combinam bem com o clima desse inverno. Tudo isso, claro, temperado com música de muito bom gosto, executada por artistas diamantinenses e outros talentos de variados estilos.


O termo “Sexta Cultural” é provisório, já que uma urna foi colocada no local do evento para que os freqüentadores possam, eles mesmos, dar nome a esse novo encontro cultural, culinário e musical de Diamantina. Um dos cotados é “Sexta Nossa”, mas a votação ainda está aberta.


Toda sexta-feira, a partir das 18:00h, no Mercado Velho. Entrada franca.


Fonte: Prefeitura de Diamantina