quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Antônio Lopes, 85 anos, foi lavrador e metalúrgico antes de virar corredor

Fonte: Globoesporte

Mineiro de Diamantina só começou a se exercitar aos 55 anos, depois da aposentadoria. De lá pra cá, correu 19 São Silvestres e 10 maratonas

montagem corredor Antônio Lopes 85 anos Eu Atleta (Foto: Editoria de Arte)O final de semana do seu Antônio vai ser ocupado como sempre. No sábado corre os 10km da tradicional prova de Santos Dumont, domingo são mais 6km no Circuito da Longevidade. Já nem sabe quantas provas de 5, 10 e 21km disputou, mas conta as São Silvestres (19 seguidas) e as maratonas, 10 no currículo.

- Corri sete vezes a Maratona de São Paulo e três a de Curitiba, uma prova que gosto muito. O melhor tempo foi em 2004, 4h36m aos 76 anos de idade. Fui campeão na categoria, voltei pra casa com camiseta, medalha, troféu e mais R$800! – comemorou.

Aos 85 anos, o metalúrgico aposentado já não tem a mesma pressa, fundamental é saber que se dedicou ao máximo e não decepcionou os amigos. É o mais velho do grupo que sai de São Bernardo do Campo de madrugada para chegar a tempo na largada, no carro guiado por Hélio Toller, 72 anos.

- A gente faz uma vaquinha para pagar a gasolina e o Hélio vai pegando um a um em casa, somos cinco no total. Nos 10km faço no máximo 1h10 para não deixar os colegas esperando por muito tempo – brincou.

O primeiro “esporte” foi  enxada, aos oito anos já trabalhava na lavoura em Diamantina, Minas Gerais, sua terra natal. Migrou para o interior de São Paulo aos 18 e foi parar em São Bernardo do Campo em 1956 para trabalhar na terraplenagem da fábrica da Volkswagen. Fábrica pronta, virou metalúrgico e ficou ali até se aposentar 1983.

- Levava o trabalho a sério desde menino, não tinha essa malandragem de hoje em dia. Depois de aposentado ainda trabalhei mais uns 20 anos como pintor de parede, mas hoje só pinto a minha casa e me dedico aos treinos  – revelou.

Quando sobrou tempo começou a caminhar com o irmão, iam até a região de Riacho Grande, também no ABC Paulista e voltavam de ônibus.  Sozinho, passou a ir e voltar caminhando, depois correndo, e foi esticando a distância até o km 14 da Via Anchieta.

- Dá um total de 38km e foi assim que me preparei  para as maratonas. Continuo correndo três vezes por semana com base só nos meus conhecimentos. E vou sozinho, antes das 6h da manhã. Só folgo depois das provas ou se estiver chovendo muito – ensinou.

O irmão morreu aos 82 anos, depois de passar por problemas de saúde e depressão. Males que o seu Antônio não conhece, ainda que a vida tenha pregado algumas peças. Em um período de dois anos perdeu dois filhos que tinham exatamente a mesma idade.

- Um morreu de acidente e o outro de doença, e os dois só tinham 32 anos de idade.Saudades eu sempre vou carregar, mas continuo vivendo minha vida bem - completou.

Tem três filhos vivos e duas netas, a mais velha com 10 anos. A esposa Therezinha Soares de Jesus Santos é companhia há 54 anos, apesar de uma certa “incompatibilidade esportiva”.

- O médico mandou caminhar, mas quando acho que ela está “indo”, já está voltando... Eu gosto muito de correr, mas ela gosta mesmo é do sofá! – finalizou, sorrindo

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