quinta-feira, 10 de julho de 2014

Leia na Voz de Diamantina: sob o domínio da omissão, da leniência, do populismo e da insensibilidade ambiental e cultural

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Não tenho o costume de assistir às reuniões da câmara. Nem paciência. A instalação de um cronômetro digital para disciplinar a verborragia dos vereadores foi um avanço de civilidade. Mas como ainda não existe equipamento que refreie a palavra fácil (e tantas vezes indecorosa), escuto suas perorações pela internet, jogando paciência. Ao impor-me essa mortificação, chamou-me a atenção o crescimento do discurso evangélico de alguns parlamentares. Puxados pelo sempre bem falante José Paulo, alguns vereadores tomam ares de discípulos que se esforçam para salvar o mundo da perdição. Nesta santificada missão, eles se lançam como exemplos de homens retos, tementes a Deus, cuja vida encarna as virtudes de bons filhos, de pais dedicados, de esposos fidelíssimos, de cidadãos patrióticos. Em certos momentos, a câmara fica até parecendo uma sacristia. Quando são propagandeados os valores de pastores, o número de novos adeptos que atraíram para seu rebanho e a transfiguração que operam nas comunidades em que atuam. Mas, ao transformar-se em palco oportunista de pregações que misturam catequese e demagogia política, a tribuna pública só tem a perder, uma vez que o país é laico e a prática da religião não pode ser imposta - nem sub-repticiamente - como o fazem, de maneira mambembe, esses apóstolos do mau e viciado proselitismo.

Mas deixemos de lado esse farisaísmo com que se deturpa a já tão aviltada função legislativa e passemos ao que realmente me levou a ouvir, por mais de duas horas, a gravação da 16ª reunião da câmara do dia 30 de junho. Como de costume, salamaleques, puxa-saquismos e palavreados ocos prevalecem como marcas inconfundíveis da maioria dos vereadores. Que não se cansam de trombetear que, eleitos pelo voto, se imolam no estoicismo de comparecer às reuniões semanais e lutar incessantemente pelo bem-estar de seus eleitores e pela correta gestão do município, paladinos da moralidade e defensores do bem público que juraram ser quando diplomados.

Início do editorial da Voz de Diamantina - Edição 674, de 125 de julho de 2014

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