quarta-feira, 4 de maio de 2016

Sempre-vivas: as fotos e o filme no Teatro Santa Izabel




Entre os dias 06 e 21 de maio próximos, o Teatro Municipal de Diamantina, Minas Gerais, estará homenageando as comunidades de apanhadores de flores sempre-vivas, através da exibição de um vídeo dirigido por Tiago Carvalho e uma exposição com as fotos de Elisa Cotta, Valda Nogueira e João Roberto Ripper. Concebido pelo Núcleo de Estudos em Agroecologia e Campesinato da UFVJM e produzido pela Engenho Arte e Cultura, o evento conta com o patrocínio da Codecex (Comissão em Defesa dos Direitos das Comunidades Extrativistas) e do Canal Saúde (Fiocruz), coprodutor do vídeo, em parceria com a Formosa Filmes. 

Quem são esses apanhadores de flores?

Nas imediações de Diamantina, mais precisamente na porção meridional da Serra do Espinhaço, está a maior concentração de flores sempre-vivas do planeta. Florescem naquela região cerca de 90 espécies desta flor que, depois de colhida e seca, conserva sua forma e coloração originais por muitas décadas, daí o nome pelo qual é popularmente conhecida. Sua coleta é uma atividade extrativista tradicional, responsável pelo sustento de inúmeras famílias que habitam a região e, paradoxalmente, responsável também pela sobrevivência das próprias flores, cada vez mais ameaçadas pela criação de parques naturais - aos quais os colhedores de flores não têm acesso – e, mais grave, pela proliferação de empresas mineradoras, monocultoras de eucalipto e criação de gado.

Os colhedores de flores estão entre as muitas “populações tradicionais” espalhadas pelo país, uma categoria relativamente nova em nossa legislação, apesar de constatarmos a presença desses povos no meio rural brasileiro desde longa data. Em dezembro de 2004, o Governo Federal instituiu a Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, órgão encarregado de coordenar a implementação de uma Política Nacional capaz de proteger não apenas as populações tradicionais em si, como os recursos naturais renováveis de suas regiões.

É bem verdade que o processo de consolidação de tais políticas vem ocorrendo em ritmo lento, daí a importância de enaltecermos o esforço desses povos em preservar seus modos de vida, perpetuar relações ancestrais e cuidar do meio ambiente, com a providencial ajuda de abnegados ambientalistas e antropólogos humanistas, empenhados em defender a integração homem-natureza e minimizar o impacto ambiental característico do agronegócio. Há que se apoiar, portanto, a luta dos apanhadores de flores por seu reconhecimento cultural e econômico, garantindo vínculos com o território e demandando o direito de acesso aos recursos dos quais dependem para manter seu modo de vida tradicional.

Fonte: Engenho Arte e Cultura

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