Fonte: Gilberto Vasconcelos, Jornal Folha de São Paulo, 07/10/2000
Nós, reles mortais, que não saímos da mediania, dificilmente somos capazes de imaginar que um escritor genial como João Guimarães Rosa tenha sido um excelente médico, formado em 1930 na Faculdade de Medicina de Belo Horizonte.
A mesma coisa ocorre em relação a um homem público notável como Juscelino Kubitschek, a respeito do qual somos levados a supor que tivesse sido presidente da República por faltar-lhe vocação para outra coisa. Ledo engano.
Não é assim que a banda toca, conforme mostrou o pesquisador e também médico Fernando Araújo, trazendo-nos preciosas informações acerca de Jotaká, órfão de pai aos 3 anos, filho de professora primária, estudante pobre, frequentando seminário eclesiástico em Diamantina, sem a menor vocação para ser padre; depois, telegrafista em Belo Horizonte, trabalhando à noite para poder estudar de dia na faculdade de medicina, em 1922.
Juscelino Kubitschek foi o primeiro e único médico a ser eleito presidente do Brasil. Ei-lo rememorando a época de estudante pobre e aplicado de medicina: "Nada na vida me custou tanto esforço como cursar a faculdade de medicina e formar-me. Pertenci à estirpe dos estudantes sem mesada, dos que, durante o curso, trabalham por necessidade".
Teve notas excelentes, foi aluno exemplar e, detalhe importante, ficou inteiramente alheio à política estudantil de sua época. Não queria ser senão médico. A política nunca lhe passou pela cabeça.
Formou-se em 1927, na mesma turma de Pedro Nava, o qual se revelaria um dos grandes escritores memorialistas da literatura brasileira. Aliás, a Faculdade de Medicina de Belo Horizonte é um celeiro de personalidades notáveis, a exemplo do dermatologista Oswaldo Costa, do parasitologista Hamílcar Martins, do historiador da medicina brasileira Pedro Sales, do psicanalista Hélio Pellegrino e do antropólogo Darcy Ribeiro, que não chegou a se formar, mas por lá estudou uns tempos.
Percebe-se, nos dias de hoje, um saudável surto memorialístico na intelectualidade mineira, empenhada em recuperar vultos e períodos da história de Minas. Sem esquecer a advertência do grande historiador Michelet: na verdadeira história não existe nostalgia.
O médico e historiador João Amílcar Salgado, o Michel Foucault da memória médica mineira, professor de clínica médica, informou-me que nem a fofoca alardeada pela UDN conseguiu ofuscar a fama de bom médico que teve Juscelino, o qual recebeu o justo epíteto de "o bisturi de ouro da Força Pública mineira" quando prestou serviços em Passa Quatro, sul de Minas, durante a Revolução Constitucionalista de 32, época em que conheceu o delegado Benedito Valadares, que o nomeou, em 1940, prefeito de Belo Horizonte.
Cirurgião talentoso, estudou cirurgia e urologia em Paris, em 1930, morando no Hôtel de la Paix, boulevard Raspail. Em Belo Horizonte, foi assistente da Casa da Misericórdia, onde fazia cirurgia em pessoas pobres.
Mesmo depois de nomeado prefeito de Belo Horizonte, Juscelino operava todas as manhãs no Hospital Militar, o que revela sua dedicação à medicina, como se pode constatar pela sua biblioteca particular forrada de livros médicos especializados.
Junto com o doutor Júlio Soares, que seria seu cunhado, montou consultório no edifício Parc Royal, rua Bahia, que foi a maior clínica particular de Belo Horizonte. Sua última cirurgia feita por Juscelino sucedeu em 1944. Apendicite aguda.
Segundo o estudo acurado de Fernando Araújo, que passou cinco anos escarafunchando os documentos e colhendo depoimentos, o presidente que mais cuidou da saúde pública foi Juscelino Kubitschek (1956-60), o qual conseguiu erradicar moléstias como a malária, a febre amarela e a tuberculose, doenças terríveis que estão de volta atualmente com a medievalização tucana do país.
Carmo Dalla Vecchia perdeu 15 kg para viver o vilão Silvério da série “A cura”, de João Emanuel Carneiro e Marcos Bernstein, que estreia na Globo dia 10 de agosto. Ele também deixou crescer as unhas das mãos e dos pés (no detalhe abaixo). O personagem, defende o ator, “faz coisas horripilantes, mas não é
Carmo está gravando em Diamantina, com uma equipe de cerca de 100 pessoas, comandada por Ricardo Waddington. Sempre que entra em cena, a supervisora de caracterização Gilvete Santos suja as suas unhas com cera, e transforma o sorriso impecável do ator. Ele usa uma prótese dentária criada especialmente para que seus dentes pareçam podres. Quatro modelos foram criados, um para cada fase do personagem. À medida em que ele for envelhecendo, seus dentes ficarão mais podres.












Arnaldo Antunes, Naná Vasconcelos e o ator Paulo José, além do documentarista Eduardo Coutinho e do curador da Bienal de São Paulo, Agnaldo Faria, são presenças confirmadas no 42° Festival de Inverno da UFMG, que acontece de 20 a 29 de julho, em Diamantina. Com o tema Projeções – capturas e processos, essa edição do evento terá como eixo a produção cinematográfica, sob diferentes aspectos. Um filme será produzido coletivamente nas oficinas oferecidas aos participantes, com atuação dos artistas convidados.