segunda-feira, 21 de junho de 2010

Reservado para a Globo

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Por falar na gravação da minissérie global, a presença da equipe de televisão tem alterado  o cotidinao das pessoas. As gravações possibilitam ao diamantinense ver e  conviver  com ídolos das telenovelas, ter contato com esse mundo mágico da teledramaturgia, além de vislumbrar  a divulgação da cidade para todo  Brasil.

Por outro lado a presença da Globo tem ocasionado situações inusitadas. Muitos reclamam que são impedidos por seguranças mal-treinados de andar pelos becos da cidade. Mas a principal cena que tive a infelicidade de presenciar aconteceu ontem, domingo, no Restaurante Apocaplipse. Como sempre faço,  juntamente com minha família, escolhemos o distinto estabelecimento para almoçar. Chegando lá, fomos surpreendidos por um uma situação hilária, para não dizer outra coisa. Tiveram a a infeliz idéia de fazer um "cercadinho"  com uma "fita zebrada" para separar a equipe global dos demais clientes "normais" que frequentam o local. Enquanto os habituais clientes ficavam espremidos, em situação desconfortável, a maioria das mesas e cadeiras reservadas para a produção da emissora estavam desocupadas.

Um dos fucionários da emissora chegou a argumentar que as pessoas estavam tirando muitas fotos e incomodando os atores e atrizes. Enquanto isso, a gerente do estabelecimento, sempre muito gentil, se esforçava para contornar a situação. Ao final, a horrenda "fita zebrada" foi pisoteada e abaixada, mas antes vimos o grande Juca de Oliveira tendo que passar por baixo  da fita para ir se servir; além da cena da eterna  Nívea Maria equilibrando seu prato enquanto a danada da fita se enroscava entre suas pernas. Simplesmente, lamentável.

A Rede Globo de Televisão merece e deve ser muito bem recebida na cidade. Porém, o cidadão também tem o direito de ir e vir. O público tem o diretio de tirar uma foto com o seu ídolo. Afinal, a fama e o dinheiro existem somente pelo reconhecimento do público e de sua audiência.

A fita zebrada (amarela e preta) já é figura carimbada em Diamantina. Na Vesperata ela já ocupa  lugar de destaque, amarrada em pedaços de ferro fixados em concreto, forma o "cercadinho" do turista. Esteticamente, muito feio. Funcionalmente, inócua. Conceitualmente, expressa a idéia de separação, um apartheid disfarçado de organização.

As palavrinhas mágicas "por favor" e "obrigado", assim como uma placa dizendo "reservado" são tão simples, mas  muitas vezes esquecidadas. São simples e verdadeiras como a letra de Milton Nascimento e Fernando Brant: "Todo artista tem de ir aonde o povo está. Se foi assim, assim será".

3 comentários:

  1. Ainda pior com toda certeza foi tentarem fechar o café no beco, como disseram as próprias pessoas que o fazem domingo após domingo, mas como não conseguiram apenas impediram uma parte do beco com um carro de funerária e proibiram o som tao característico de toda manhã de domingo em diamantina...

    quanto ao restaurante, eu que
    vim de uma cidade bem organizada já espero este tipo de coisa dos estabelecimentos comerciais daqui, se fosse em estabelecimento meu não permitiria, afinal os clientes são muito mais fiéis que qualquer funcionário da globo.

    No ultimo feriado fui a um estabelecimento bem conhecido tomar café, e levei umas boas "patadas" da proprietária do local a troco de nada, simplesmente porque puxei conversa..... isso me fez comprar uma máquina de café expresso pros meus cafés da manhã, pois lá não volto mais! Pelo bem dos meus ouvidos e do meu humor matinal..

    assim como também aderi as compras na internet, depois de ter péssimo atendimento em 2 lojas ... resumindo, por toda a educação e bom senso dos comerciantes diamantinenses, do meu dinheiro eles não vivem... EU PREZO PELO BOM TRATAMENTO AOS CLIENTES!

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  2. Parabéns pelo texto. Pertinente, necessário, verdadeiro.
    Como disse um amigo meu, é necessário diferenciar a “intervenção da arte” da “arte de intervir”.
    Parece que sabem da primeira, mas pelo menos em nossa cidade, nada da segunda!
    Será que tem Cura?

    Wellington
    P.S.: contrário ao comentário anterior (anônimo), acho que não podemos abandonar nossas necessidades, mas temos que lutar pela qualidade dos serviços prestados em nossa cidade (caso queiramos continuar vivendo nela).

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  3. Concordo com a manifestação do Fernando. Acredito que a Arte deve promover a amplicação das possibilidades humanas, deve ser provocativa e dotada do espírito estético, crítico e ético. Sua produção não pode prejudicar as pessoas, interferir negativamente no ambiente, pelo contrário, deve ser amplamente construtiva e simpática à nossa condição, ainda que abjetivada à transformação.
    O amadorismo e a postura acrítica demonstrados nesses dias em Diamantina, com o advento dessa filmagem, nos faz refletir profundamente sobre as ações políticas e, assustadoramente, "artísticas" que temos. Não é a cidade e seus cidadãos que devem se adaptar ou se sujeitar ao que está acontecendo, fato que se repete constantemente, infelizmente, mas o que está ou será fugazmente aqui realizado.
    Entre as possibilidades e a importância da Arte, encontra-se a de contribuir para a formação de cidadãos conscientes e comprometidos com sua condição tanto individual como coletiva, de atuar respeitosamente em relação a si e aos outros. Se essa não é uma das preocupações da produção que aqui está, qual será estão? Se for para reforçar a idéia de puro entretenimento e tietagem, acredito que não precisamos disso então...

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