sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Voz de Diamantina: que tamanho deveria ter o nosso carnaval?

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Nunca o diamantinense esteve tão dividido sobre o tamanho do carnaval de sua cidade. Que, vale lembrar, já foi considerado um dos melhores do país. Além do desejo de tentar resguardar o que ainda resta de apagados pudores e desbotado senso de preservação patrimonial, a dosagem de sua festa maior lhe cobra algo muito próximo da alquimia. Não aquela química da Idade Média, que procurava descobrir a panaceia universal, ou remédio contra todos os males físicos e morais, mas a leve e sensível habilidade de fundir num só e virtuoso sentimento a alegria genuína do folião, o respeito aos costumes locais e as benesses pecuniárias deste conjunto procedentes. É tarefa difícil? Quase impossível, principalmente se nossa gente, sempre confiada e cheia de si, continuar atraída pelo espelho de água cujo ilusório reflexo só lhe mostra a beleza, a perfeição e o fascínio da própria face.

Mas passemos da digressão à realidade. Fujamos do fantasioso número de foliões que lotaria a cidade, uma vez que não dispomos de dados fidedignos. Percepções mais realistas atribuem a melhoria de qualidade dos nossos dois últimos carnavais à redução do público. Nada de novo sobre a terra, direis. E com razão. Em vez de 30, 40, 50 mil foliões, quantidades ardentemente ansiadas e tolamente apregoadas pela prefeitura, festejemos 15, no máximo 20 mil visitantes. Multidões no limite da estrutura de segurança, de limpeza e de ordem que a cidade consegue mal e mal administrar. Saiamos então das utopias. Carnaval limpo, decente, bem organizado tem preço. E muito elevado. Não são acessíveis a todas as camadas da população ambientes e privilégios incompatíveis com sua renda. Tanto assim que a área VIP e de camarotes tem ocupação regrada. Via espaço disponível e preços. Que não podem ser baixos, pois custeiam o lado irresistível do carnaval de Diamantina: Bartucada e Bat-Caverna. A primeira, curtida em 43 anos de muito samba, suor e cerveja; e a segunda, irmã trintona de sua inspiradora e falsa concorrente, fiel encarnação da magia do Batman de uma Gotham City da musicalidade, da vibração, de bandidos de mentira, de alegria incontida. Bar e Bat são os carinhosos diminutivos de duas bandas que fazem pulsar o coração carnavalesco deste velho e inzoneiro burgo.

Início do editorial da Voz de Diamantina - Edição 706, de 21 de fevereiro de 2015

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