segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Exposição de fotos da Serra do Espinhaço une arte e ciência

Fonte: SESC Palladium

12 08 02 - palladium - vernissage - paulo batista - foto dila puccini - 087Fotografias em alta resolução que transitam entre arte e ciência compõem a exposição Paisagens da Serra do Espinhaço, do professor Paulo Baptista, da Escola de Belas-Artes da UFMG. A mostra pode ser visitada até 23 de setembro na Galeria de Arte GTO do Sesc Palladium. A entrada é franca.

As imagens apresentadas nesta exposição são resultado de trabalho desenvolvido por Baptista desde 1981, com foco nas paisagens da Serra do Espinhaço e do Quadrilátero Ferrífero, regiões montanhosas que cortam o estado de Minas Gerais e que são reconhecidas pela Unesco como Reserva Mundial da Biosfera.

As fotografias são, em parte, resultado de pesquisa de doutorado, em que Paulo Baptista utilizou técnicas de fotografia digital em alta resolução, incorporando processos de georreferenciamento às imagens. O projeto do pesquisador propõe mapeamento de áreas ameaçadas pela degradação ambiental, especialmente em função das atividades de exploração minerária e da expansão da ocupação urbana. Dessa forma, o conjunto de fotografias alia apelo estético e conteúdo documental.

“Através da descrição de cenários que me são particularmente caros, procuro despertar nas pessoas preocupações relativas à preservação desses locais”, comenta Paulo Baptista.

Professor do Departamento de Fotografia, Teatro e Cinema da Escola de Belas Artes da UFMG, Baptista colabora como pesquisador no Laboratório de Documentação Científica por Imagem (iLAB), na mesma unidade, dedicado à documentação do patrimônio cultural e natural. Participou de diversas exposições coletivas em Belo Horizonte e outras cidades brasileiras. Apresentou exposições individuais na capital mineira, no Rio de Janeiro e em Ouro Preto. Seu trabalho está representado nos acervos da Coleção Pirelli/Masp de Fotografia do Museu de Arte de São Paulo, do Museu da Fotografia de Curitiba e do Museu Histórico Abílio Barreto, em Belo Horizonte. Suas fotografias também foram publicadas em livros.

A exposição pode ser visitada de terça a domingo, das 9h às 21h. O Sesc Palladium fica na avenida Augusto de Lima, 420. Informações: (31) 3214-5350.

Ameaças ao Espinhaço

Paulo Baptista escolheu duas áreas da Serra do Espinhaço que sofrem ameaças de transformação por ocupações socioeconômicas e ambientais. Na região entre Serro e Diamantina, passando por povoados como Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras, ele identificou perigo no asfaltamento do trecho remanescente da Estrada Real. Para ele, isso deve transformar radicalmente a vida das comunidades, já que vai aumentar exponencialmente o movimento de veículos, incluindo caminhões de carga.

Já na parte Sul do Espinhaço, próximo a Belo Horizonte, um grande projeto de mineração pode, de acordo com Baptista, descaracterizar a última área ambientalmente preservada do Quadrilátero Ferrífero. “A serra do Gandarela conserva espécies de Mata Atlântica e de campos rupestres ferruginosos, geossistema muito raro no Brasil, e abriga biodiversidade ímpar”, justifica.

Uma das referências do pesquisador é o trabalho do americano Mark Klett, que refotografou, nas décadas de 1970 e 1990, paisagens registradas no século 19 por expedições que mapearam o território dos Estados Unidos, visando ao planejamento da ocupação do país. Klett fez imagens dos mesmos pontos de vista, nas mesmas épocas, dias e horários das antigas fotos, obtendo margem de precisão medida em centímetros.

“Minha intenção original para a pesquisa era ‘refazer’ fotos que já existissem, mas não se encontra quase nada dessa região nos acervos. Então, proponho metodologia para um trabalho que se faça daqui para frente”, explica Baptista, graduado em engenharia eletrônica com mestrado – também na EBA – sobre a transição dos processos químicos para os digitais em fotografia.

Ele está certo de que sua proposta tem alto teor de ineditismo no Brasil e pode fortalecer a ponte entre a fotografia e as geociências. “Para fotografar, preciso entender um pouco de geografia, e os geógrafos terão com a fotografia mais subsídios para seu trabalho. É uma colaboração que tem tudo para ser muito frutífera”, acredita Paulo Baptista.

Leia mais sobre a tese de doutorado de Paulo Baptista em reportagem do Boletim UFMG.

(Com assessoria de imprensa do Sesc Palladium)

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