As lavadeiras do Vale do Jequitinhonha, região situada à nordeste do Estado de Minas Gerais, são guardiãs de antigas canções – batuques, sambas, afoxés, frevos, rodas, modinhas e toadas – cuja origem já se perdeu na memória do tempo. São cânticos de trabalho, lúdicos e de louvação, de influência africana, indígena e portuguesa. Eles revelam a mistura étnica que originou a rica música popular brasileira.
A história do Coral das Lavadeiras começou em 1991, a partir da construção de uma lavanderia comunitária no Bairro São Pedro, em Almenara, pelo ex-prefeito Roberto Magno. Incentivadas pelo cantor e pesquisador cultural Carlos Farias, elas passaram a cantar em grupo e criaram a ASLA – Associação Comunitária das Lavadeiras de Almenara, reunindo mais de cinqüenta mulheres. O trabalho teve logo uma ótima repercussão e elas começaram a participar de festivais na região e em outras cidades do Brasil.
Com a volta do compositor Carlos Farias a Belo Horizonte, em 1994, para cuidar da sua carreira musical, o coral passou a ser coordenado por Tânia Grace Almeida, que permaneceu com o grupo até 1998.
Em outubro de 1999 as lavadeiras tiveram a primeira experência em estúdio, ao participarem da gravação de um CD coletivo, em Teófilo Otoni, juntamente com outros grupos culturais do Vale do Jequitinhonha. Esse disco chama-se "Por Cima das Aroeiras" e ficou pronto no ano 2000.
Em 2002, com o lançamento do CD-Livro “Batukim Brasileiro – O Canto das Lavadeiras”, terceiro álbum de Carlos Farias, reunindo uma parte do repertório pesquisado, a música das lavadeiras cruzou as fronteiras do país e chegou à Europa. No período de 07 a 17 de março o coral participou do 3º FACR- Festival de Arte, Criatividade e Recreação, realizado na Ilha da Madeira, em Portugal. A apresentação do concerto “O Canto das Lavadeiras”, com Carlos Farias e banda de apoio, causou grande impacto no público e na mídia local.
Em 2003 o grupo fez várias apresentações pelo Brasil, com o patrocínio da Telemar, através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, lotando todos os teatros e espaços onde se apresentou. O emocionante espetáculo misturou elementos do teatro, dança, música e contação de histórias.
Em 2004 e 2005, além de participarem da Conexão Telemig Celular de Música, as lavadeiras e Carlos Farias iniciam a gravação de “AQUA – A Música das Lavadeiras do Jequitinhonha”, contando, novamente, com o patrocínio do Grupo Mod-Line. Este CD-livro ficou pronto em 2005 e resgatou outras canções de domínio público, numa edição primorosa, enriquecendo ainda mais o patrimônio musical brasileiro.
Em 2006 o grupo seguiu encantando o país com o espetáculo “Batendo Roupa, Cantando a Vida”, projeto que incluiu, ainda, a palestra/oficina “Conversa de Lavadeira” e a cerimônia de “bênção das águas”.
A arte das lavadeiras-cantoras do Rio Jequitinhonha vem despertando o interesse crescente do público, da imprensa e da crítica especializada. Várias reportagens foram divulgadas nos principais veículos de informação do país, com destaque para os programas Jornal Hoje (14/06/01) Mais Você (02/02/05) e Fantástico (05/02/06), todas da Rede Globo. Elas são um exemplo bem sucedido de inclusão social, através da arte.
Atualmente, cerca de trinta e nove mulheres ganham o seu sustento lavando roupas na lavanderia comunitária, em Almenara. Uma dezena delas participa do coral, que vem sendo considerado parte integrante do patrimônio cultural imaterial dessa instigante região de Minas.
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