Tarde de quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012, véspera de carnaval, passando ali pelas bandas da Casa da Xica da Silva me deparo com duas novidades que despertam a minha atenção. A primeira, ilustrada na foto, mostra a colocação de uma placa de trânsito para organizar o tráfego de veículos naquela região. A segunda, que por precaução não está registrada na foto, é a presença de dois guardas municipais estrategicamente postados nessa esquina.
Duas ações corretas, importantes e bem planejadas pelos organizadores da festa do Carnaval. Por outro lado, enquanto cidadão, morador dessa cidade, isso me traz indignação. Explico-lhes o motivo. Durante todo o ano de 2011 meu filho estudou nessa escola ao fundo e todos os dias ao levá-lo para a aula presenciei uma série de situações que colocavam em risco a segurança e a integridade de nossas crianças. Vários fatores contibuíam para essa insegurança: uma rua muito estreita em mão dupla, falta de sinalização adequada para indicar que ali há uma escola, veículos em alta velocidade, tráfego de caminhões velhos com carga pesada, carros passando muito próximos da porta de entrada e saída das crianças, ausência de um agente de trânsito e outros.
Segundo a escola várias solicitações foram feitas aos órgãos competentes mas nada foi feito. Alguns me informaram que lá havia uma placa impedindo a subida de carros, mas que a mesma foi retirada por moradores da rua. Em todo esse tempo nunca vi um guarda muncipal ou policial militar ajudando a organizar e humanizar aquele trânsito. Um situação de abandono e ausência do poder público.
Sendo assim, sobram as indagações: por que essas medidas são tomadas somente durante cinco dias para receber os foliões que visitam nossa cidade? Por que esse padrão de eficiência e organização não pode estar a serviço do cidadão que aqui vive os outros 360 dias do ano? Será que o conforto dos foliões é mais importante que a segurança de nossos filhos? Qual a lógica implícita nessa postura? Por que não cuidar da cidade com o mesmo zelo durante todo o ano?
Quer outro exemplo? Vejam a foto ao lado. Em dezembro de 2010, esse jardim era bem cuidado e florido. Lembro-me da época do Natal daquele ano em que esse espaço estava muito bonito e iluminado. O carnaval de 2011 veio e destruiu tudo. Depois, nada foi feito. Passamos o ano todo de 2011 com os jardins da Praça do Mercado Velho, talvez mais importante cartão postal da cidade, no estado de total abandono, sem uma única flor ou qualquer tipo de cuidado.
Não sou contra o carnaval e acho que ele deve ser valorizado e incentivado enquanto elemento de nossa cultura e evento gerador de receita. Porém esse modelo de gestão precisa ser revisto, queremos um carnaval que respeite as tradições culturais e, principalmente o cidadão diamantinense. Não podemos concordar com esse modelo equivocado de envolver grandes esforços para organizar a cidade para receber pessoas que pensam que vivemos em uma cidade sem lei e que aqui pode-se fazer de tudo durante cinco dias. Na lógica dessa festa sobram alguns trocados nos bolsos de uma minoria ao custo de uma maioria viver o resto do ano em uma cidade cada vez menos humana e com sérias deficiências na prestação de serviços públicos.
Bom carnaval a todos !
Gripp, não sei se vc sabe, mas nesse prédio da escola morou por muitos anos, nos anos 50, a família do Assis Horta, autor da foto em destaque no Passadiço. Abraço. E bom carnaval.
ResponderExcluirSaul,
ResponderExcluirValeu, não sabia desse detalhe. A casa tem uma vista muito linda.Bom carnaval par você e sua família.
Concordo e como médico, sempre questiono a ótima estrutura policial, de resgate, ambulâncias e aumento de médicos no PA, que são disponibilizadas pros baderneiros de plantão, do carnaval.
ResponderExcluirDepois fa folia, o marasmo retorna pra população, até o próximo carnaval. Vai entender...
Se a prefeitura, que vendeu o carnaval não nos dá as respostas que queremos, eis o MP que olhou por nós e por nossos casarões e impediu que as repúblicas vendessem novamente o carnaval. Obrigado MP, Dr. Promotor e aos PMs que cumpriram a lei. Agora sim temos quem olhe por nós. Diamantina não é uma cidade de todos para todos e sim uma cidade que tem que estar voltada principalmente para o bem estar dos seus moradores.
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