Todo domingo, Genivaldo montava no cavalo e ia para a cidade. Na vila onde morava a luz elétrica não tinha chegado ainda, e ele ia à cidade ver a máquina que o enfeitiçara: a televisão.
Na praça principal, o prefeito instalara um aparelho de televisão que atraía sempre um bom público. Genivaldo ficava por lá, os olhos pregados na tela; não queria perder nada, achava tudo maravilhoso, fosse filme, programa de auditório, propaganda comercial.
Depois de anos de promessas de políticos, os postes para a instalação da rede elétrica finalmente começaram a ser colocados na vila de Genivaldo. Quando a eletricidade chegou, ele começou a sonhar com a compra de um televisor - ah, poder assistir todas as noites, sem ter de esperar o domingo...
Dr. Geraldo, dono da fazenda onde Genivaldo trabalhava, achava graça na paixão dele pela televisão. E resolveu fazer-lhe uma surpresa, afinal, era um bom empregado, muito trabalhador, respeitoso. Um dia, trouxe da capital o seu televisor velho, tinha comprado um novo:
- Olha, Genivaldo, liga lá na sua casa, pode ser precise de algum conserto, não sei, faz tempo que não uso, e, com a viagem, pode ter-se soltado alguma peça.
Satisfeitíssimo, Genivaldo chamou a família, os vizinhos, todos se reuniram para ver aquela maravilha. Mas, apesar de mexer nos botões, mudar a posição da tomada, tentar de toda maneira, a televisão não queria funcionar direito.
O jeito foi pedir a charrete emprestada e levar o aparelho à cidade, para a oficina do 'seu' João, que consertava tudo:
- Mas qual é o defeito que você notou nela?
Com seu jeito manso, Genivaldo explicou bem singelamente:
- Olha, seu João, o negócio é o seguinte: proseá, ela proseia, mas não mostra as 'feição'...
Es pessoá po fala o qui quize. Mais ingual minas gerais num tem. Né não, sô.
ResponderExcluirEta nóis.
Delícia de causo. Parabéns pra Maria Ignez Biagioni e pro Passadiço.
Rubem.
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