terça-feira, 7 de abril de 2009

"Causos" de Minas: o conserto da televisão

Todo domingo, Genivaldo montava  no  cavalo  e ia para a cidade.  Na vila onde morava  a luz  elétrica  não tinha chegado ainda,  e ele ia à   cidade ver a máquina  que o enfeitiçara:  a televisão.


Na  praça  principal,  o prefeito  instalara  um   aparelho   de televisão  que atraía                             sempre  um bom público.  Genivaldo  ficava por lá,  os olhos  pregados  na  tela;  não  queria  perder  nada,  achava  tudo maravilhoso,  fosse filme, programa  de auditório, propaganda  comercial.

 

Depois  de  anos  de promessas  de  políticos,  os  postes  para  a instalação  da  rede  elétrica finalmente  começaram  a ser  colocados na vila  de  Genivaldo.  Quando  a eletricidade  chegou,  ele  começou  a sonhar  com  a compra  de  um  televisor -  ah,  poder  assistir  todas  as noites,  sem  ter  de  esperar   o domingo...

 

Dr.  Geraldo,  dono  da  fazenda  onde  Genivaldo  trabalhava,  achava graça  na paixão  dele   pela  televisão.    E  resolveu  fazer-lhe  uma surpresa,  afinal,  era  um bom  empregado, muito  trabalhador, respeitoso.  Um  dia, trouxe  da capital  o  seu  televisor  velho,   tinha comprado  um  novo:

- Olha,  Genivaldo,  liga  lá na sua  casa, pode ser precise  de algum conserto,  não sei,  faz tempo  que não uso,  e, com  a viagem, pode  ter-se soltado  alguma  peça.

 

Satisfeitíssimo,  Genivaldo  chamou   a família,  os  vizinhos,  todos  se reuniram  para  ver aquela  maravilha.  Mas,  apesar  de mexer  nos botões,  mudar  a posição  da tomada, tentar  de toda maneira,  a televisão  não  queria  funcionar  direito. 

 

O jeito  foi  pedir  a charrete emprestada  e  levar  o aparelho  à  cidade, para  a oficina  do  'seu'  João,  que  consertava  tudo:

 

- Mas  qual  é o defeito  que   você  notou  nela? 

 Com  seu  jeito  manso,   Genivaldo  explicou bem  singelamente:

-  Olha,  seu João,  o negócio  é  o  seguinte:  proseá,  ela  proseia,  mas não  mostra  as 'feição'...


Autoria: Maria Ignez Biagioni, no Descubraminas

Um comentário:

  1. Es pessoá po fala o qui quize. Mais ingual minas gerais num tem. Né não, sô.
    Eta nóis.
    Delícia de causo. Parabéns pra Maria Ignez Biagioni e pro Passadiço.
    Rubem.
    www.terapiadecutuvelo.blogspot.com

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