domingo, 7 de julho de 2013

Mesmo com salários de R$ 22 mil, médicos não aceitam trabalhar no Vale do Jequitinhonha

Fonte: Estado de Minas, publicado no Blog do Banu.

Faltam médicos no Vale do Jequitinhonha e Norte de Minas. Em meio a embate sobre contratação de estrangeiros, quem mora nos rincões do estado sofre com a falta não só de médicos, mas também de condições para se tratar nos grandes centros.

A população sente na pele e protesta: faltam médicos e qualidade na saúde em todo o país; a presidente Dilma Rousseff anuncia: quer importar 6 mil doutores de Cuba para trabalharem cidades do interior; entidades médicas rebatem: não faltam profissionais, e sim estrutura para atender bem os pacientes; prefeitos apelam: oferecem até R$ 35 mil para um clínico fixar residência na cidade, mas sem carteira assinada.

Enquanto persiste o impasse e representantes da categoria vão para as ruas repudiar a chegada de colegas cubanos e de outras nacionalidades sem revalidação do diploma, quem depende do SUS amarga falta de atendimento, de acesso a exames, de medicamentos ou até de material para um simples curativo.

Se falta entendimento entre governo federal e entidades médicas quanto à melhor forma de solucionar o déficit de profissionais no país, especialmente em cidades do interior, uma constatação parece ser consenso: a dificuldade de conseguir uma consulta médica é diretamente proporcional à distância de cada município dos maiores polos urbanos. E é exatamente nesses lugares considerados pouco atraentes pelos profissionais que está a população mais carente e com maior dificuldade de se deslocar até cidades com melhor estrutura de saúde.

A saúde está em xeque.

Não é à toa que levantamento do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM/MG) mostra que faltam médicos em um quarto dos 853 municípios mineiros. São 209 cidades sem nenhum suporte. Outros 148 (17,3%) têm apenas um médico.

Em outro estudo, o CRM mostra que as perspectivas não são boas. Mais de 60% dos médicos que se formaram em 2012 tinham a intenção de trabalhar apenas em municípios com mais de 100 mil habitantes. Metade deles, no entanto, quer mesmo é exercer a profissão em Belo Horizonte e apenas 7,15% se disseram dispostos a ir para pequenos municípios.

Enquanto não entra mais dinheiro no cofre, é o prefeito quem exporta seus doentes de ambulância para Montalvânia, cidade de 16 mil habitantes, a 29 quilômetros de distância, que tem apenas um profissional, e atendendo fora da sede. Casos mais graves são mandados para Montes Claros, a 390 quilômetros de Juvenília.
A dificuldade para contratar médicos é enfrentada da mesma forma pelos 4,9 mil habitantes de Miravânia, também no Norte de Minas, a 711 quilômetros da Capital. O prefeito Raimundo Nonato Luna (DEM) diz que, para despertar interesse da categoria, elevou para R$ 21 mil o salário de um médico clínico geral no município. Mesmo assim, a proposta não pareceu tão tentadora. Apenas uma das duas unidades do Programa de Saúde da Família (PSF) conta com médico atendendo diariamente. A outra não oferece consultas há dois meses. A secretária municipal de Saúde, Idalina Mota, informou que amenizará a situação com quatro acadêmicos de medicina que iniciarão estágio no município neste mês. “Foi uma salvação para a gente”, comemora Idalina.

ABANDONO

Se do lado dos médicos já há predisposição de evitar pequenos municípios, em algumas localidades, principalmente nas mais distantes das cidades-polo, as dificuldades de fixar profissionais passam pelas péssimas condições de atendimento, falta de equipamentos e medicamentos básicos, impossibilidade de realização de exames e dificuldades de prestação de socorro pela ausência quase completa de infraestrutura. Em outros locais, o problema é insegurança nas unidades e imediações.

A falta de carteira assinada e às vezes até de contrato para médicos também é um entrave. Nessas condições, o pagamento dos proventos fica à mercê da boa vontade dos prefeitos. “É comum o médico receber no primeiro mês. O segundo salário é pago com atraso e depois ele deixa de receber”, sustenta o presidente do CRM/MG, João Batista Gomes Soares.

2 comentários:

  1. Olá! Fico indignado toda vez que vejo a cidade de Felício dos Santos encabeçando a lista de maior salário oferecido e vítima por continuar sem conseguir um médico. Sendo breve, minha esposa há uns 4 anos anos mudou para esta cidade e eu fiquei indo e vindo toda a semana de BH. Gostamos muito da cidade e era o estilo de vida que queríamos, por isso nos propomos a tal empreitada. Acontece que o salário prometido nunca foi cumprido pelo prefeito que tentava o tempo inteiro fazer um leilão do prometido. Infelizmente, foi reeleito, e a saga continua em busca de médicos. Mudamos para Diamantina para deixarmos de ser tratados como palhaços e onde fomos muito felizes. E assim, parece que cada cidade recebe o que faz por merecer.

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  2. É comum (e muito) essas prefeituras proporem salário que é realmente atrativo, condições de trabalho são horríveis e ainda não pagam o que prometem, muitos chegam até essas cidades, ficam pouco tempo e diante da situação a população continua sem assistência digna.
    Entrem no youtube e busquem a deputado MANDETTA, https://www.youtube.com/watch?v=bxeRyQpbnxs
    ela fala para a frente nacional dos prefeitos e expõe aos prefeitos os calotes, faltas de condições de trabalho e salários falsos nas propagandas.

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