Homem livre
Atanásio nasceu com seis dedos em cada mão.
Cortaram-lhe os excedentes.
Cortassem mais dois, seria o mesmo
admirável oficial de sapateiro, exímio seleiro.
Lombilho que ele faz, quem mais faria?
Tem prática de animais, grande ferreiro.
Sendo tanta coisa, nasce escravo,
o que não é bom para Atanásio nem para ninguém.
Então foge do Rio Doce.
Vai parar, homem livre, no Seminário de Diamantina,
onde é cozinheiro, ótimo sempre, esse Atanásio.
Meu parente Manuel Chassim não se conforma.
Bota anúncio no Jequitinhonha, explicadinho:
Duzentos mil-réis a quem prender crioulo Atanásio.
Mas quem vai prender homem de tantas qualidades?
*Poema indicado pelo Saul, leitor do blog.
Itabirano que sou, não poderia deixar de registrar minha satisfação ao ver no blog as citações de Drumond referindo-se à Diamantina. Cheguei ontem de Itabira, de carro! Poderia ser de trem! Curiosamente a estrada de ferro Vitória-Minas, em seu projeto inicial (1876) era para ligar Diamantina ao litoral do Espírito Santo, mas muitas mudanças aconteceram e infelizmente o trajeto não se completou até Diamantina. Mas a estrada continua ativa de Itabira até Vitória. Ano passado fiz o trajeto Itabira-Ipatinga com meu pai e minha filha. Foi fantástico! Parecia que as memórias de minha infância eclodiam, lembrando aquelas viagens de férias até o litoral que duravam um dia todo e chegávamos lá cobertos de pó de minério de ferro. Itabira, Drumond, Diamantina, JK: viva Minas! Wellington
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