Texto: Professor Wellington F. Gomes
No primeiro dia de março, mês que completo cinco anos de Diamantina, fui pela primeira vez, e altamente entusiasmado, levar minha filha (3,5 anos) para passear na mais nova praça pública do município. Uma tarde de domingo.
Estávamos preparados: bicicleta, cachorro, máquina fotográfica e mil idéias e desejos. Escorregador, balanço, caixa de areia, sombra,... Oba! Era isto que esta cidade estava precisando! Pensava comigo!
Estacionamos, descarregamos as coisas do carro, sem saber que infelizmente em poucos minutos estaríamos descarregando eram nossos desejos, nossas expectativas, nossa esperança que desta vez teríamos um local público mais saudável. Local este onde nós enfim poderíamos saborear os domingos e os finais de tarde sob a sombra das árvores, observando o charme da cidade.
Mas este artigo poderia ter outros títulos, como: “Negligência da prefeitura fere criança em município mineiro!”; “Quem deveria cuidar fere: com a palavra o poder público municipal”; “Desperdício do dinheiro público fere duplamente o cidadão: no bolso e na pele” ou ainda “Brinquedos para ferir e não para divertir!”.
Vamos aos fatos. A praça, ou melhor, o “Parque Urbano da Praça de Esportes” foi inaugurado em dezembro de 2008 e muito comemorado pelos habitantes locais. Até então não tínhamos ambiente parecido na cidade, cuja escassez de árvores é evidente.
Agora, em menos de três meses, constatamos que nenhum brinquedo funcionava. Eu decepcionado, minha filha meio sem graça olhava para aqueles ferros sem objetivos, instalados na caixa de areia suja! Sobram lixo e mato para todo lado. Até aí tudo bem, decepção instalada.
Continuo a explorar o ambiente, sem acreditar na grande tarde de domingo que havia prometido a minha filha. Armadilhas ardilosas eram encontradas por toda parte! Buracos, vidros, bueiros sem tampas, tijolos, madeiras com parafusos e pregos,...
Comecei a fotografar! Maquina que deveria captar minha filha se divertindo começou a ser usada para registrar o descaso com o dinheiro público e com o maior e unicamente verdadeiro patrimônio da humanidade: as crianças!
A tragédia anunciada aconteceu! Uma criança chorando! Do pé escorria sangue. Usava a camisa do seu time. Tinha jogo naquele domingo! Ele e a família não viram a partida de futebol já que foram para um dos dois hospitais da cidade!
Enquanto enrolava o pé do garoto com o papel higiênico que peguei no carro, seu pai com a voz engasgada dizia “trouxe meu filho aqui para sair um pouco da frente da televisão, mas acho que agente deveria ter ficado em casa jogando vídeo-game mesmo” e ele completou ao sair carregando seu filho não antes de agradecer pelo papel “vou agora com ele para o pronto socorro”.
Um ferro retorcido bem no fim do escorregador era o culpado.
Não só ele!
Esta lesão no pé da criança cai sobre as costas dos gestores municipais!"
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