terça-feira, 21 de junho de 2011

Parques têm placa arrancada e falta de estrutura

Fonte: Jornal Hoje em Dia, Leida Reis - Repórter Especial - 9/06/2011

BIRIBIRIHá seis anos, uma placa delimitando o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu foi arrancada pelos moradores da comunidade de Retiro, em Januária, no Vale do Jequitinhonha, por não aceitarem a criação da unidade antes que recebessem suas indenizações. Responsável pela administração do local, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio) nada fez. Não colocou outra em seu lugar nem puniu o ato de vandalismo. A placa transformada em relíquia pela associação de moradores do lugarejo é símbolo da falta de estrutura dos parques nacionais e estaduais. Mesmo aqueles abertos à visitação não têm mecanismos adequados para receber turistas e pesquisadores.

Em quase todos os parques estaduais e nacionais que estão em Minas, além do problema social criado pela demora na desapropriação dos moradores, faltam instrumentos para receptivos. Um dos principais atrativos do Estado é o Parque Estadual do Biribiri, em Diamantina, Vale do Jequitinhonha, que no ano passado recebeu cerca de 52 mil visitantes. O diretor de Áreas Protegidas do Instituto Estadual de Florestas (IEF), Ronaldo Magalhães, afirma que o Estado quer abrir a unidade neste ano, e transforma-la numa das atrações de Minas para a Copa do Mundo 2014.

Mas não há qualquer estrutura para quem vai visitar as cachoeiras, a histórica Vila do Biribiri, tombada pelo Iphan, e as ruínas da fábrica de tecidos Estamparia S/A, que vão virar museu da indústria de tecidos. Uma entrada precária no Bairro Cidade Nova indica o início do parque e, a partir dela, o turista ou pesquisador tem que se aventurar e descobrir seus próprios caminhos. O gerente do parque, Gabriel Ávila, admite a precariedade do parque e lamenta a falta de investimentos.

Não há consenso quando a discussão fica entre a preservação e a melhoria da estrutura. O membro do conselho consultivo do parque Walter Borges cita o caso do Rio Água Limpa, que está assoreado. "Não é para receber bem os turistas no Biribiri? Vão receber o turista com o rio sujo?".

No Parque Estadual do Pico do Itambé, aberto à visitação no ano passado, a desapropriação de uma antiga fazenda deu ao IEF uma sede própria. Ali, crianças e jovens já são recebidos para aulas de educação ambiental. Há ainda a capacitação de professores para virarem parceiros da preservação ambiental. Um conselho consultivo está ativo e a brigada voluntária combate incêndio. No ano passado, recebeu mil turistas. Mas os próprios funcionários do IEF admitem que a estrutura ainda é precária.

Até o desencontro das informações passadas aos moradores sobre o que podem fazer nas suas terras transformadas em parques demonstram a falta de estrutura dos parques. A constatação que se faz é que tudo depende da posição do gerente. Em alguns, como no Nacional da Serra do Cipó, não é permitido plantar: a ordem é deixar o mato crescer para a recuperação da vegetação. Em outros, como no Estadual da Serra Negra, plantações são renovadas a cada ano, e no Cavernas do Peruaçu, gado pasta livremente em locais que deveriam se manter intactos. Em todas as unidades visitadas pelo Hoje em Dia , o mesmo foi constatado. É sempre difícil saber exatamente onde começa e onde termina um parque. Os próprios moradores do seu interior ou do entorno têm dificuldade em saber.

Clique aqui para ler a reportagem completa.

Um comentário:

  1. Eu não entendo pq não existe um projeto para desenvolver o manejo sustentável pelos moradores do interior e do entorno dos parques. Acredito que essa seria uma alternativa melhor do que a desapropriação. Esses moradores poderiam trabalhar como guias, o que garantiria seu sustento.

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