"Deixei com pesar a região de Diamantina... socialmente falando, é o lugar mais simpático do Brasil, à luz da minha experiência." (Richard Burton)
Richard Burton é sem dúvida uma das personalidades mais extraordinárias e fascinantes do século XIX. Falava 29 idiomas e vários dialetos, sendo perito na arte do disfarce, o que lhe possibilitou em seus anos de militar na Índia e em Sindh viver entre os povos do Oriente, os quais registrou em uma série de livros. Estudou os usos e costumes de povos asiáticos e africanos, sendo pioneiro em estudos etnológicos. Viajou a cidade sagrada de Meca, mortalmente proibida a não muçulmanos, disfarçado de afegão, e também a Harar, capital da Somália, de onde nenhum outro homem branco havia saído com vida. Junto com John Haning Speke explorou a região dos Grandes Lagos africanos e descobriu o lago Tanganica.
Traduziu uma versão não censurada de As mil e uma noites, acrescentando uma série de notas a respeito de pornografia, homossexualidade e sexualidade feminina. Sob o risco de ser preso, traduziu manuais eróticos, entre eles o Kama Sutra, e mandou imprimi-los. Sua postura liberal e interesses eruditos contribuiram para torná-lo uma figura polêmica e controversa naInglaterra, pois despertou a fúria e o puritanismo vitoriano. Casou-se com Isabel Arundell, uma católica inglesa. Recebeu o título de Cavaleiro da Rainha Vitória em 1886. Faleceu na cidade de Trieste,onde recobria o cargo de consul británico, em 1890.
Sir Richard Francis Burton veio ao Brasil como cônsul da Grã-Bretanha na cidade de Santos (SP) e viajou o país em busca de riquezas que pudessem ser aproveitadas pelo Velho Mundo. "Em vista de tantas riquezas para as classes desgraçadas da Europa, que pode dizer que não há nada para os pobres e vis, salvo miséria e desespero", escreveu Burton a respeito do rio São Francisco.
"A vinda de Burton ao Brasil não foi uma circunstância fortuita, atendia um interesse claro do Império Britânico", opina o historiador da Universidade Federal de São João Del Rey e especialista em Richard Burton, Paulo Roberto Varejão. "Burton veio aqui para estudar a experiência portuguesa de colonização nos trópicos, que ele já havia conhecido e admirado em partes da Índia." Para Varejão, isso explica as diversas referências à cultura indiana que o britânico faz no livro Viagem de Canoa de Sabará ao Oceano Atlântico (Explorations of the Highlands of Brazil). A obra foi o resultado dos quatro meses de viagem de Burton pelos rios das Velhas - de Sabará até Pirapora - e São Francisco.
Durante essa expedição, esse personagem fantástico esteve em Diamantina em 1867 e ficou hospedado na casa da Glória. A ele é atribuída a seguinte frase: "Deixei com pesar a região de Diamantina... socialmente falando, é o lugar mais simpático do Brasil, à luz da minha experiência.'.
Ele chegou a liderar uma expedição em busca da nascente do Nilo, mas ataques de tribos hostis africanas e um ferimento com lança na mandíbula o obrigaram a desistir, uma aventura relatada no filme As Montanhas da Lua. Burton traduziu para o inglês obras de idiomas e culturas tão diferentes quanto o indiano Kama Sutra, o árabe As Mil e Uma Noites e o português Os Lusíadas.
Clique aqui para ler mais sobre Richard Burton na Wikipedia.
Olá Fernando.
ResponderExcluirComo historiador que sou, muito obrigado pela "aula" de história.
Valeu!
Um abraço.
www.terapiadecutuvelo.blogspot.com
Rubem
ResponderExcluirEu que que lhe agradeço pelo comentário.
Imagine quantas "histórias" que ainda temos para contar.
Grande abraço
Fernando
Fernando, se um homem conseguir traduzir "Os Lusíadas" para o inglês,deu muita inveja a muitos portugueses e brasileiros que não conseguiram, apenas, lê-lo. Sobre o que ele falou de Diamantina não me assusta, pois outros cientístas disseram a mesma coisa, inclusive Saint Hilaire.
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