Fonte: Portal Uai.
A cidade histórica de Diamantina, Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), guarda uma preciosidade que poucos conhecem. No coro alto da Igreja da Ordem Terceira do Carmo – a mesma cuja torre, reza a lenda, a escrava Chica da Silva mandou transferir para os fundos para não ser incomodada pelo toque dos sinos – existe um órgão barroco de características atípicas. Considerado por especialistas como um dos quatro instrumentos do gênero mais importantes do Brasil, o órgão foi tocado no final do século 18 com regularidade pelo compositor Joaquim Emerico Lobo de Mesquita. Há 60 anos está parado por falta de manutenção. A situação está prestes a ser resolvida. Desde 2004, foi iniciado um processo de restauração que, em breve, promete trazer os sons do passado de volta às liturgias da igreja.
O instrumento foi integralmente construído no antigo Arraial do Tejuco, atual Diamantina, pelo padre Manoel de Almeida e Silva, entre 1782 e 1787. Como era autodidata, o religioso não seguiu exatamente as regras vigentes. “Tudo indica que realizou uma leitura pessoal da organaria ibérica na feitura, sendo influenciado pela italiana e usando ainda no processo soluções pessoais. Seu som é único”, explica o organista e musicólogo Marco Aurélio Brescia, responsável pela equipe de restauro. Como todo órgão histórico – a exemplo do mais famoso, o Arp Schnitger, da Sé de Mariana –, o de Diamantina é composto por uma caixa, espécie de móvel adornado que dá o formato final e protege todo o instrumento na parte interna. A peculiaridade é a localização. Na Igreja do Carmo está instalado à frente do coro alto e ao centro, sobre a porta de entrada do templo. Para tocá-lo, o organista se posiciona atrás de toda a estrutura e acompanha a missa por um orifício, espécie de olho mágico.
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