quinta-feira, 12 de maio de 2011

Manifesto Acerta Pedra–Parte II

Autor: Ricardo Lopes Rocha

Contava como as ruas de Diamnantina foram calçadas com pedras rapidamente com o uso do cimento como rejunte entre as pedras. Como o cimento não tem a mesma resiliência, resistência e dureza que as pedras, o esfacelamento do rejunte foi uma questão de tempo. E de pouco tempo. Como não havia controle acerca do peso dos veículos que circulavam, este esfacelamento fez com que as ruas recém calçadas começassem a apresentar desníveis e buracos. O Diamantinense começou a penar com os sacolejos ao trafegar pelas ruas da cidade. Nos anos 70 e 80, houve ainda inúmeras intervenções de empresas para instalação de fiações subterrâneas de telefonia, de luz, rede pluvial e de esgoto, ligações de água, coincidindo com o desenvolvimento da cidade, fato normal. Entretanto, nestas intervenções, o calçamento recunhado que se mantinha liso, era degradado e os remendos eram feitos com rejunte à base de cimento, não respeitando a técnica anterior, que é muito mais demorada para ser realizada e necessita de um certo apuro de técnica, que também não foi repassada, se desvanecendo aos poucos. Além disso, empreiteiras não têm tempo a perder e por isso, certamente usaram cimento como rejunte já que nunca houve o cuidado de incluir cláusulas para serem respeitadas quanto a isso. Caso houvesse, a função de calceteiro estaria preservada até os dias atuais e bem remunerada. Foi assim que o calçamento recunhado, mesmo sendo resistente, foi sendo degradado e os remendos, tomando lugar das pedras atualmente encontram-se salpicados no meio do que outrora fora uma superfície regular. Durante muitos anos, isto tem acontecido sem que se tome uma medida que barre este processo de degradação ou mesmo a faça voltar atrás, através da restauração do que havia antes. O que se faz, via de regra, são remendinhos, soluções insignificantes, com uma técnica péssima. Chega ao ponto de remendarem um buraco de manhã e abrirem o trecho ao trânsito à tarde. Parece mentira, mas disso muita gente é testemunha. Para resolver de vez este triste problema dos sacolejos e tropeços (vamos pensar nos nossos idosos também!), a solução plausível seria a restauração por completo, rua por rua. Até a próxima edição.

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Detalhes da degradação do rejunte feito com cimento e da desorganização das pedras, colocadas já sem capricho nem arte.

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Exemplos de soluções inócuas: remendos feitos com cimento e liberados ao trânsito logo após. Abaixo, uma aberração: remendo feito com massa asfáltica.

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