segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Libertas que será também

Autor: Antenor José Figueiró – antenor.figueiro@ig.com.br

Sou de uma geração que a fórmula de nos governar, conduzir, instruir e criar era autoritária e mistificada. Muitos dos ensinamentos a nós passados eram para majestosamente maquiar a real verdade dos fatos e acontecimentos. Por falta de recursos, sempre estudei em escolas públicas. Sinto-me um privilegiado por ter contado ainda com um ensino de qualidade e premiado por ter usufruído de novos modelos criados pelo governo: a nova visão do ensinar através do incorporar implantada no Grupo Joaquim Felício que abriu suas portas para um aluno do Alto da Poeira (Casas Populares), o avançado sistema de integração da Escola Polivalente e por fim um colégio militar (Tiradentes), que fizeram aflorar o senso crítico, ideológico, sociológico e religioso. Para os que me acompanham, conseguem imaginar quais tempos de ebulição vivemos, digo vivemos porque foram peças fundamentais de toda essa trajetória nossos educadores capacitados, valorizados e imbuídos do dom e prazer em exercer tal profissão e andar na linha limite da formação, da militância e do saber “obedecer” as regras impostas pelo sistema político. Cresci embalado por duas frases (justificativas) ridículas, uma por termos sido colonizados pelos portugueses, a outra que ainda somos um país novo.

Acredito meio que perverso, que o Brasil contou apenas com mais uma geração após a minha que “brincou” com política e educação. O sistema político alimentou a educação de qualidade para satisfazer seus próprios interesses. No momento em que estava para perder o controle, sucateou a escola pública, incentivou a escola particular, investiu em cursos superiores (é o vácuo na trajetória da educação até chegar à Universidade).

Para falarmos da maior manifestação de liberdade e idealismo esbarramos no culto seleto grupo de Inconfidentes que foram calados com a cabeça de Tiradentes. Na mesma proporção que os elementos essenciais para construirmos uma casa são o cimento e a areia, uma sociedade ética e moral precisa da família (criação – valores) e da escola (formação-professor).

Mas, tudo isso vai em direção contrária aos interesses de nossos políticos. Quanto o governo gasta com altos salários para 25 ministros, 513 deputados federais e 81 senadores, outros tantos deputados estaduais e vereadores, muitos deles com pouca capacitação e alimentados com ajuda moradia, segurança, plano de saúde e imunidade. Claro que o projeto do senador Cristóvão Buarque que obriga os filhos de políticos estudarem em escolas públicas não seria aprovado e o país infestado de alfabetizados funcionais com diploma atolado no sovaco dizendo “nóis é douto”.

Aí eu me pergunto onde está aquela multidão que invadiu nossas ruas nas Diretas Já e os Caras Pintadas? Para mim eles foram apenas uma miragem; um bando de vacas de presépio, induzidos por um grupo de políticos que em nenhum momento tinham como prioridade a sociedade. O massacre e a desclassificação do Educador já são antigos. Quantos se lembram da célebre frase de um ex-governador: professora não é mal-paga e sim mal- casada. Quantos perceberam tamanha perversidade, uma vez que na época a maior parte das professoras era casada com militares (segurança, dignidade).

Hoje à frente dos nossos destinos estaduais temos um governador que se intitula professor Anastasia, filho de uma professora pública, conivente com o modelo instalado, modelo esse que deu dignidade aos nossos garis, pois esses hoje precisam prestar concurso para exercer tão essencial função e em contra partida mede a capacidade do professor (tem que aprovar 96% dos alunos) em produzir lixos e derramá-los em nossas ruas e praças – esse é o modelo perverso e danoso que em um vôo trôpego e capenga alça o Planalto Central.

Desperta Diamantina! Na sua insignificante forma de ser, cada um pode fazer e muito, até por que na sua insignificante forma de ser Juscelino Kubsticheck, filho de uma professora pública fez em cinco anos um Brasil de cinqüenta.

PS: Dentro dessa linha de raciocínio sou solidário à greve dos professores.

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