Quando veio a Brasília pela primeira vez, Milton Nascimento andou pela capital, conheceu os pontos turísticos e quis entender como as coisas funcionavam. Embora tenha estranhado o que viu, identificou-se com a “cidade moderna”, mas não sabia por quê. “Logo depois, ao voltar a Diamantina (MG), caminhando pelas ruas e revendo os antigos casarões e visitando o mercado, obtive a resposta para aquilo que ficou na minha cabeça. Brasília e Diamantina são filhas do mesmo anjo”, lembra o cantor, emocionado, referindo-se ao presidente Juscelino Kubitschek.
Ponto de partida
Milton vê os sonhos como pontos de partidas. “É a terra de ninguém, o avesso das fronteiras, do plausível, o absurdo.” Para ele, “o absurdo é não sonhar”. Aliás, é isso que esse artista popular vem fazendo desde que o Brasil tomou conhecimento dele, em 1967, ao classificar-se em terceiro lugar no Festival Internacional da Canção, com Travessia.
E continuaria sendo um sonhador ao liderar o Clube da Esquina, movimento que trouxe novas luzes à música brasileira, no começo da década de 1970, e revelou jovens músicos mineiros como Lô Borges, Beto Guedes, Flávio Venturini e Tavinho Moura, entre outros. “Desde que comecei a mexer com música, compondo, cantando, fazendo show, sempre estendi a mão para pessoas mais novas que tinham valor e vontade de aparecer”, disse Milton ao Correio.
Sobre o Clube da Esquina, que em 2011 comemora 40 anos, o cantor fala sem demonstrar nostalgia. “Foi o encontro entre amigos que ainda não tinham a música como profissão. Quando resolvi fazer o disco — homônimo —a primeira pessoa em que pensei foi o Lô Borges, que tinha muito a ver comigo, com minha música, com minha vida. Isso se mantém até hoje. Quando nos encontramos é sempre uma alegria. A voz dele chega ao meu coração como se tivesse uma enxurrada de notas musicais”, revela de forma carinhosa.
De Lô Borges a Breno Cabral, são muitos os jovens e talentosos artistas revelados por Milton. “Em …E a gente sonhando, o que me deixou mais feliz foi ter descoberto aquela rapaziada toda na minha cidade. Considero Três Pontas um jardim de música. Você vai lá e conhece uma porção de músicos. Volta lá, meses depois, e já surgiram outros. Gente de talento que compõe, canta, toca, o que me traz muita felicidade”, conta entusiasmado.
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