Fonte: Augusto Franco - Do Hoje em Dia - 17/09/2011
Oficina vai ensinar técnicas dos séculos XVIII e XIX
Artesãos ligados às áreas de ourivesaria, lapidação, cravação e produção de joias com ouro, prata e coco vão se organizar em uma cooperativa para aumentar o valor agregado de cada peça. As técnicas são tricentenárias e fazem parte da cultura de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, e do seu entorno.
A valorização das técnicas tradicionais será tema de um seminário e motivo de uma exposição na programação oficial do Festival de História (FHist), evento concebido pela Revista de História da Biblioteca Nacional, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O evento, uma realização da Nota Comunicação, acontece entre 7 e 12 de outubro, em Diamantina. As inscrições podem ser feitas no site www.festivaldehistoria.com.br.
As peças expostas são assinadas por um grupo de profissionais de Belo Horizonte, coordenado pela designer Adna Sales, que vai misturar, aos formatos tradicionais, novas peças. A intenção, explica Adna, é mostrar que joias confeccionadas a partir de técnicas antigas e artesanais, como a filigrana e a de coco e ouro, têm ampla aceitação no mercado.
As 18 peças – colares, anéis, pingentes, broches, pulseiras e brincos –, que serão exibidas, estão sendo confeccionadas artesanalmente com a aplicação das antigas técnicas de coco e ouro, uma especialidade dos joalheiros da cidade patrimônio mundial, e da milenar filigrana, de origem oriental e trazida ao Brasil pelos colonizadores portugueses.
A mostra será no segundo andar da Casa de Chica da Silva, na sede diamantinense do Iphan, de 8 a 11 de outubro, das 10 às 21 horas.
“Nossa intenção é mostrar que é possível fazer peças luxuosas e contemporâneas, compatíveis com as joias produzidas pelas mais tradicionais casas joalheiras do mundo, com o uso de técnicas artesanais, valorizando a arte e o talento de nossos artesãos”, observa Adna.
Segundo a designer, a casa de joias mais antiga de Diamantina, a Joalheria Pádua, tem 120 anos de história. “É quase o mesmo tempo de funcionamento das joalherias mais tradicionais da Europa, que hoje têm 200 ou 250 anos, no máximo”, destaca.
Ela lembra que as peças confeccionadas para o festival foram desenvolvidas coletivamente, em reuniões semanais, por profissionais que representam cada etapa do processo de produção de uma joia: designers, escultor, ourives, cravador, lapidador e polidor.
“A atividade pode empregar muita gente, mas, para isso, precisamos valorizar os profissionais”, diz Adna. Ela destaca que Diamantina é a única das cidades históricas brasileiras, de origem mineradora, a desenvolver um polo joalheiro. A cidade é berço da técnica de coco e ouro, e a filigrana ainda é praticada por alguns de seus artesãos.
“A questão é que as joias produzidas hoje em Diamantina mantêm as características daquelas confeccionadas há 200 anos”, afirma Adna. A intenção da cooperativa, ressalta, é mostrar ser inteiramente viável se preservar a técnica e inovar na linguagem, na escultura da peça. “O resultado é uma joia luxuosíssima, contemporânea e brasileira, mas que, pela qualidade, arte e beleza, poderia estampar o catálogo da Tiffany ou da Maison Cartier”, afirma.
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